Grupos de pessoas LGBT+ que confessam a religião católica participaram, na semana passada, no IV Encontro Nacional de Católicos LGBTQIAPN+. O evento aconteceu em Fortaleza (CE), entre os dias 12 e 15 de outubro. O ponto alto do evento foi a aprovação de uma carta dirigida à Igreja Católica sobre retrocessos nos direitos civis da comunidade LGBT brasileira, tendo como exemplo mais recente o projeto de lei que proíbe o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Em uma carta dirigida à Igreja, instituições sociais, órgãos governamentais e a sociedade em geral – inclusive os grupos, coletivos e núcleos da Rede Nacional de Grupos Católicos LGBT+ – e as pessoas participantes do encontro manifestaram profunda preocupação com a aprovação, por uma Comissão da Câmara dos Deputados, de uma proposta de lei inconstitucional que tem como objetivo proibir a união civil de pessoas do mesmo gênero no país.
A carta feita pelos coletivos de católicos LGBT+ também aponta o problema da disseminação de fake news e desinformação por parte de grupos contrários aos direitos sexuais e de gênero.
O texto afirma: “somos alvos preferenciais do discurso de ódio e da instrumentalização das Sagradas Escrituras para sustentar um projeto político de poder, desumanizando e demonizando nossas vidas, afetos e relações. As mentiras sobre ‘banheiros unissex’ e os ataques a parlamentares trans são exemplos disso.”
O documento também demonstra preocupação com as chamadas terapaias de reversão sexual, as chamadas “curas gay“, causadoras de graves sofrimentos psíquicos que culminam até em atos de suicídio, não apenas entre os católicos, mas envolvendo toda a comunidade LGBT+.
Os participantes reiteraram seu compromisso com a construção de uma Igreja acolhedora para todas as pessoas, em alinhamento ao que disse o Papa Francisco durante a recente Jornada Mundial da Juventude, que aconteceu em Portugal.
A participação ativa de católicos LGBTQIAPN+ no processo sinodal (espécie de congresso) da Igreja Católica foi celebrada, juntamente com a inclusão de mulheres e leigos no encontro da Igreja Católica que está em andamento, no Vaticano.
O encontro que aconteceu em Fortaleza também reconheceu avanços na discussão da temática católica LGBTQIAPN+ em paróquias, movimentos e congregações religiosas, o que reflete, agora, no Sínodo.
No entanto, o grupo também enfatizou a necessidade de combater o preconceito e a homotransfobia ainda presentes em alguns setores da Igreja.
Conheça a Rede Nacional de Grupos Católicos LGBT+
Criada em 2014, a Rede Nacional de Grupos Católicos LGBT+ reúne mais de 20 grupos espalhados por 10 estados das regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, no Brasil. A organização atua em rede nos ambientes religiosos, de incidência política e de ativismo para promover os direitos humanos das pessoas LGBT+ e o direito da fé e liberdade de culto.
