Santa Catarina receberá R$ 125 milhões da Lei Paulo Gustavo
Cultura

Santa Catarina receberá R$ 125 milhões da Lei Paulo Gustavo

Para Santa Catarina serão disponibilizados R$ 125 milhões, sendo R$ 60 milhões para o Estado e R$ 65 milhões para os municípios

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As cidades de Santa Catarina em breve poderão acessar os recursos da Lei Paulo Gustavo. São R$ 125 milhões, previstos pelo Ministério da Cultura. No entanto, há algumas condicionantes, o que inclui a existência de conselhos municipais de cultura, o que falta em praticamente 68% do Estado.

Santa Catarina receberá R$ 125 milhões da Lei Paulo Gustavo
Audiência sobre a Lei Paulo Gustavo revelou que apenas 95 cidades de SC possuem conselhos municipais de cultura (Foto: Solon Soares/Agência AL/Divulgação)

O anúncio foi feito durante uma audiência pública para debater a regulamentação da Lei Complementar 195/2022, que aconteceu nesta segunda-feira (3), na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, em Florianópolis. A legislação, que homenageia o ator e humorista Paulo Gustavo, foi instituída pelo Congresso Nacional para aplicação em ações emergenciais que visem combater os efeitos da pandemia de Covid-19 sobre o setor cultural.

Nacionalmente, a Lei Paulo Gustavo deve injetar R$ 3,86 bilhões, de acordo com o diretor de Assistência Técnica a Estados, Distrito Federal e Municípios do Ministério da Cultura (Minc), Thiago Rocha Leandro, que esteve na audiência catarinense.

Para Santa Catarina serão disponibilizados R$ 125 milhões, sendo R$ 60 milhões para o Estado e R$ 65 milhões para os municípios, que poderão se organizar na forma de consórcios para acessar os recursos.

No entanto, Leandro fez uma ressalva sobre a liberação do recurso: “todo gestor que acessar recursos vai ter que se comprometer, reafirmar o compromisso de implementação, do conselho do plano e do fundo local”.

Faltam conselhos de cultura em SC

O presidente do Conselho Estadual de Cultura (CEC-SC), Luiz Moukarzel, se mostrou preocupado com a exigência de conselhos municipais de cultura. Isso porque, segundo ele, apenas 95 dos 295 municípios catarinenses possuem conselhos definidos.

“Apelo ao Minc para que flexibilize essa lei. Conforme está é impossível que os municípios tenham isso organizado ainda neste ano e algo assim não pode ser um impeditivo para ter acesso aos recursos”

disse Moukarzel.

Já a representante do comitê estadual da Lei Paulo Gustavo, Rafaela Catarina Kinas, reforçou as exigências aos gestores municipais. “Desejamos fortemente que os 295 municípios de Santa Catarina solicitem, por meio da plataforma eletrônica federal, os recursos dos artigos 6º e 8º e, para que isso ocorra, é necessário que tenham seus planos de ação elaborados prevendo quais ações emergenciais serão desenvolvidas localmente. Pedimos também que cumpram, especialmente, o artigo 4º e promovam discussões e consultas junto à comunidade.”

Outro ponto destacado, desta vez pela integrante do Conselho de Gestores de Cultura de Santa Catarina (Congesc), Camila Rozette da Rosa, foi a importância da formação de consórcios intermunicipais. “Dentro das 21 associações que compõem a Congesc, aproximadamente dez têm consórcios constituídos, então estamos aguardando porque provavelmente faremos muito uso disso”.

Deputados falam em acompanhamento e diálogo

A deputada Luciane Carminatti (PT), que preside a Comissão de Educação, apresentou como encaminhamentos da audiência a criação de um comitê para o acompanhamento da aplicação da Lei Paulo Gustavo no estado, e a realização de seminários regionais para fomentar o setor cultural dos municípios.

“O que não pode é algum município devolver recurso, porque aí seria uma vergonha. A gente tem que se qualificar, se preparar, para utilizar esse recurso e, inclusive, para ter projetos a mais. Também para a gente mostrar que a cultura tem importância e têm prioridade no âmbito municipal”

afirmou Luciane Carminatti.

“Queremos, enquanto casa legislativa, contribuir para que os municípios possam fazer a gestão desses recursos, contribuir com a Fundação Catarinense de Cultura para que ela realize isso, em diálogo com a sociedade. Por isso a gente teve pressa e realmente chamou essa audiência pública nesse momento”, disse o deputado Marquito (PSOL), que propôs a audiência.

Governo sinaliza com construção coletiva

Da parte do governo do Estado, o presidente da Fundação Catarinense de Cultura (FCC) Rafael Nogueira Alves da Silva, afirmou que pretende criar um processo de construção coletiva, com a participação de todas as partes envolvidas e abrangendo todas as regiões do estado para aplicar a nova legislação.

“Essa iniciativa de federalização é muito positiva porque temos a possibilidade de usarmos recursos de acordo com as especificidades dos locais e das regiões. Essa é uma maneira de nós fazermos com que a cultura seja, de fato, realizada e atendida de acordo com a diversidade da sociedade”

afirmou o presidente da FCC.

Sobre a Lei Paulo Gustavo

A Lei Paulo Gustavo, que leva o nome do ator e comediante morto no ano de 2022, vítima da Covid-19, foi instituída para aplicação em ações emergenciais que visem a combater os efeitos da pandemia da doença sobre o setor cultural.

Assim como a Lei Aldir Blanc 2, a Lei Paulo Gustavo foi promulgada pelo Congresso Nacional após a derrubada do veto do então presidente Jair Bolsonaro e previa execução orçamentária até o final de 2022. Em fevereiro deste ano, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou a decisão, obtida em liminar, que assegurou o envio de recursos até o dia 31 de dezembro de 2023.

Principais pontos da Lei Paulo Gustavo

  • Autoriza o repasse de cerca de R$ 3,86 bilhões em recursos federais a estados e municípios para fomento de atividades e produtos culturais, como forma de atenuar os efeitos econômicos e sociais da pandemia de Covid-19;
  • Do total a ser liberado pelo Poder Executivo, cerca de R$ 2,8 bilhões devem ir para o setor de audiovisual e R$ 1 bilhão será repartido entre outras atividades culturais;
  • Os estados e os municípios que receberem os recursos deverão comprometer-se a fortalecer os sistemas estaduais de cultura existentes ou, se inexistentes, implantá-los;
  • Altera a Lei de Responsabilidade Fiscal para que não sejam contabilizadas na meta de resultado primário as transferências federais aos demais entes da Federação para enfrentamento das consequências sociais e econômicas no setor cultural decorrentes da pandemia.
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