Ativistas locais e nacionais pediram respostas das autoridades para a investigação do assassinato de Santrosa
Violência contra LGBTs

Quem era Santrosa, trans e suplente de vereadora, assassinada em Mato Grosso

Polícia Civil investiga morte de Santrosa, cantora e ativista LGBTQIA+, encontrada decapitada em Sinop (MT). Crime levanta debate sobre violência contra pessoas trans no Brasil

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Santrosa, uma mulher trans de 27 anos, cantora e suplente de vereadora pelo PSDB em Sinop (MT), foi encontrada morta em uma área de mata no último domingo (10). O crime está sendo investigado pela Polícia Civil, que não descarta a possibilidade de envolvimento de organizações criminosas.

Ativistas locais e nacionais pediram respostas das autoridades para a investigação do assassinato de Santrosa
Ativistas locais e nacionais pediram respostas das autoridades para a investigação do assassinato de Santrosa – Foto: Instagram/Reprodução/Floripa.LGBT

Ela estava desaparecida desde o sábado (9), quando saiu de casa para compromissos profissionais. O corpo foi encontrado com sinais de extrema violência e incluía mãos e pés amarrados e a cabeça decapitada.

A brutalidade do assassinato de Santrosa chocou a comunidade de Sinop e levantou mais uma vez a questão da violência contra pessoas trans no Brasil, que lidera o ranking mundial de homicídios dessa população.

A vítima, além de artista com presença no YouTube, também era conhecida por seu ativismo político, tendo sido candidata a vereadora nas eleições de 2024 pelo PSDB, quando obteve 121 votos, suficiente para se tornar suplente.

Em sua plataforma política, Santrosa defendia pautas culturais para comunidades periféricas e expressava o desejo de representar a população LGBTQIA+ no legislativo.

O crime foi amplamente repercutido nas redes sociais. A cantora Majur, em comentário a notícia da morte de Santrosa, criticou a violência contra pessoas trans no Brasil.

“São 15 anos sendo o país que mais mata pessoas trans no mundo. O mesmo Brasil da alegria e ‘permissividade’. Enquanto existir o ideal social hegemônico, essa crueldade decadente existirá. Não é um absurdo, precisamos de ajuda mundial. CONTINUAM NOS MATANDO! Poderia ter sido eu”, escreveu.

Quem era Santrosa?

Santrosa era uma figura ativa e inspiradora em Sinop, onde participou de concursos de beleza e se destacava na cena musical local com suas canções de funk e trap.

Com mais de 4 mil inscritos em seu canal no YouTube, Santrosa já havia feito diversos clipes de funk
Com mais de 4 mil inscritos em seu canal no YouTube, Santrosa já havia feito diversos clipes de funk – Foto: Instagram/Reprodução/Floripa.LGBT

Recentemente, ela havia compartilhado com seus seguidores nas redes sociais o desejo de ocupar uma cadeira no legislativo, tornando-se a primeira mulher trans a representar a cidade.

Apesar de ainda estar sendo investigada as motivações por trás do assassinato de Santrosa, sua morte reacende mais uma vez o debate sobre os perigos enfrentados por pessoas trans e travestis no Brasil.

A violência contra pessoas trans

Segundo o Observatório Nacional dos Direitos Humanos (ObservaDH), vinculado ao MDHC, 11.120 pessoas LGBTQIA+ sofreram algum tipo de agressão devido à orientação sexual ou identidade de gênero em 2022, sendo que pessoas transexuais e travestis correspondem à maioria dos casos (38,5%). Violências física (7.792), psicológica (3.402) e sexual (3.669) são as mais recorrentes.

O dossiê também identificou que as vítimas de 57% dos assassinatos eram profissionais do sexo
Mulheres trans representaram 93,7% das vítimas, 78,7% eram negras e com até 35 anos (79%). – Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil/Divulgação/Floripa.LGBT

Por sua vez, o Dossiê Assassinatos e Violências contra Travestis e Transexuais Brasileiras, da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), registrou 145 mortes motivadas por transfobia no Brasil no ano passado.

Mulheres trans representaram 93,7% das vítimas, com a maioria sendo negras (78,7%) e jovens de até 35 anos (79%). Em 46% dos casos, foi usado arma de fogo, mas mortes por espancamento, apedrejamento, estrangulamento, pauladas, degola ou ateamento de fogo também são frequentes (30%).

* Sob supervisão de Danilo Duarte

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