Oziel Branques dos Santos foi morto a facadas após defender casal LGBT dentro de ônibus em Curitiba
Violência contra LGBTs

Homem morto a facadas ao defender casal LGBT em Curitiba é enterrado

Oziel defendeu casal de ataques e foi assassinado dentro de um ônibus em Curitiba ao proteger vítimas. Entidade prestou homenagens: “herói”

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O velório e enterro de Oziel Branques dos Santos, de 40 anos, acontecem nesta terça-feira (18), no Cemitério Santa Cândida, em Curitiba (PR), onde amigos e familiares prestam suas últimas homenagens. Oziel foi brutalmente assassinado na noite do último domingo (16), ao defender um casal de um ataque homofóbico dentro de um ônibus.

Oziel Branques dos Santos foi morto a facadas após defender casal LGBT dentro de ônibus em Curitiba
Oziel Branques dos Santos foi morto a facadas após defender casal LGBT dentro de ônibus em Curitiba – Foto: Reprodução/Redes Sociais/Floripa.LGBT

O crime aconteceu por volta das 22h, dentro de um ônibus biarticulado no bairro Alto da Glória, em Curitiba. Os suspeitos, Vagner Prado, de 41 anos, e um adolescente de 17 anos, tio e sobrinho, foram identificados e detidos pela polícia logo após o ocorrido.

Segundo testemunhas, a dupla atacou verbalmente Camila Dias Marçal e Jean Carlos de Oliveira, que estavam no ônibus da linha Santa Cândida/ Capão Raso, na noite deste domingo (17), próximo a região central da cidade.

Camila, uma mulher trans, e Jean foram alvos de ofensas graves e ameaças, incluindo a insinuação de que Jean deveria ter suas roupas arrancadas para “provar” que era homem. O crime teria motivações homofóbicas e transfóbicas.

Ao tentar intervir, Oziel foi agarrado por Vagner, enquanto o adolescente o esfaqueava repetidamente. Ele sofreu mais de 10 facadas e, apesar dos esforços dos socorristas, não resistiu aos ferimentos e morreu.

Os suspeitos tentaram fugir quando o motorista parou o veículo na estação Maria Clara, no Alto da Glória, mas foram apreendidos nas proximidades pela Rondas Ostensivas de Natureza Especial (Rone). Vagner Prado já possui antecedentes criminais por crimes violentos, incluindo homicídio.

Vagner do Prado foi julgado nesta terça-feira (18), às 14h30. A Justiça do Paraná decidiu que ele permanecerá em prisão preventiva. A decisão, tomada pela juíza Fernanda Orsomarzo, foi feita em audiência de custódia realizada no Fórum Criminal da Capital.

Grupo Dignidade repercute ataque e homenageia Oziel: “herói”

O Grupo Dignidade, que luta pela cidadania e defende os direitos da comunidade LGBTI+, publicou uma nota de pesar e também tratou a vítima como herói. Confira a nota na íntegra:

“Expressamos nossa profunda tristeza e consternação pelo trágico acontecimento ocorrido na noite deste domingo (16), dentro de um ônibus da linha Santa Cândida/Capão Raso, em Curitiba. Oziel Branques dos Santos, de 42 anos, perdeu a vida de maneira brutal ao tentar defender duas pessoas LGBTI+ que estavam sendo vítimas de agressões e ameaças.
Oferecemos nossas mais sinceras condolências à família e aos amigos do homem que, em um gesto de extrema bravura, se levantou contra a injustiça e a intolerância. Sua empatia não será esquecida e deve servir como um poderoso lembrete da necessidade de combatermos o ódio e a violência em todas as suas formas.
É imprescindível nos questionarmos quem “afiou a faca”; qual a autoria intelectual dos crimes cometidos. Esta situação que está sendo imposta à nossa sociedade e adoecendo os indivíduos precisa ser interrompida imediatamente. Não podemos permanecer apróticos às inúmeras formas de violência que estamos sofrendo. Precisamos nos mobilizar!
Exaltamos a coragem de Oziel para que casos como este não se repitam! Como disse Martin Luther King: “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”. É essencial que nos levantemos diante de crimes com motivação LGBTIfóbica e estudemos as estruturas que possibilitam essas agressões para que seja possível transformar essa realidade cruel.
Lamentamos profundamente que uma atitude tão nobre tenha encontrado um fim tão trágico.
Também nos solidarizamos com Camila Dias Marçal e Jean Carlos de Oliveira, que foram vítimas desse ato de violência. É inaceitável que em nossa sociedade ainda ocorram ataques motivados pelo preconceito e pela intolerância.
Agradecemos à Polícia Militar do Paraná (PMPR) pelo rápido atendimento e pela detenção dos suspeitos, esperando que o justiça seja feita e que esse trágico assassinato leve a uma reflexão e ações concretas para tornar nossos espaços públicos mais seguros e inclusivos.
O Grupo Dignidade se compromete a acompanhar o caso de perto para garantir que todas as providências legais cabíveis sejam tomadas e que os autores sejam devidamente responsabilizados. Além disso, nos colocamos à disposição para a realização de atendimento psicológico e social tanto para os afetados diretamente pela LGBTIfobia,
Camila Dias Marçal e Jean Carlos de Oliveira, como para os familiares de Oziel Branques dos Santos.
Que possamos, coletivamente, trabalhar para construir uma sociedade onde atos de heroísmo como o deste homem não sejam necessários e onde todos possam viver sem medo de serem quem são”.

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