Mais de 45% das denúncias de violência tem amigos, familiares, conhecidos, namorados ou ex-companheiros como agressores
Violência contra LGBTsDireitos Humanos

Denúncias de violência contra pessoas LGBTQIA+ aumentam 45% em dois anos

Dados do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania revelam que pessoas LGBTQIA+ estão registrando mais denúncias de violência

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Mais de 5.700 casos de denúncias de violência contra a população LGBTQIA+ foram registados em setembro deste ano no Brasil. Os dados são segundo o Disque 100, serviço do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, com informações da Agência Brasil.

Mais de 45% das denúncias de violência tem amigos, familiares, conhecidos, namorados ou ex-companheiros como agressores
Mais de 45% das denúncias de violência tem amigos, familiares, conhecidos, namorados ou ex-companheiros como agressores – Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil/Divulgação/Floripa.LGBT

Conforme o levantamento, 2023 terminou com 6.070 denúncias, 2.122 registros a mais que em 2022 (3.948). As estatísticas indicam o aumento em 45% no número de denúncias em relação a dois anos atrás.

A pesquisa revela que homens gays e brancos entre 20 e 40 anos são os principais denunciantes, mesmo que a as pessoas transexuais e travestis representem a maior parte das vítimas.

O professor Ricardo de Mattos Russo, da Uerj, afirma que o aumento das denúncias de violência pode ser atribuído à maior assertividade da comunidade LGBTQIA+ em reivindicar seus direitos.

“Estamos vivendo um momento político em que existe o confronto entre a prática de resistência de alguns grupos, com suas identidades, contra aquilo que chamamos de sociedade tradicional. Este é um ponto crucial, inclusive que estimula a política de ódio no Brasil”, comenta Russo.

Violência contra pessoas trans

Segundo o Observatório Nacional dos Direitos Humanos (ObservaDH), também do MDHC, 11.120 pessoas LGBTQIA+ foram vítimas de algum tipo de agressão em função da orientação sexual ou da identidade de gênero em 2022.

Pessoas transexuais e travestis correspondem a maioria dos casos (38,5%). Casos de violências física (7.792), psicológica (3.402) e sexual (3.669) lideram as estatísticas.

No ano passado, o Dossiê Assassinatos e Violências contra Travestis e Transexuais Brasileiras, elaborado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), revelou que 145 pessoas morreram vítimas de transfobia no Brasil.

O dossiê também identificou que as vítimas de 57% dos assassinatos eram profissionais do sexo
O dossiê também identificou que as vítimas de 57% dos assassinatos eram profissionais do sexo – Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil/Divulgação/Floripa.LGBT

Mulheres trans representaram 93,7% das vítimas, 78,7% eram negras e com até 35 anos (79%). O uso de armas de fogo foi identificado em 46% dos registros, mas também é comum que as mortes sejam resultado de espancamento, apedrejamento, estrangulamento, pauladas, degola ou ateamento de fogo (30%).

As denúncias de violência em Florianópolis

Em julho, o Floripa.LGBT publicou matéria sobre os registros de denúncias de violência contabilizados no primeiro semestre de 2024. O munícipio havia contabilizado 92 registros de violência, sendo considerado o mais perigoso para pessoas LGBTQIA+ no estado. Na ocasião, o painel do MDHC revelou que Santa Catarina registrou 902 casos de violações, um aumento de quase 17 vezes em relação a 2020.

Os dados também mostravam que a maioria das vítimas eram mulheres, com 560 casos registrados, sendo 290 lésbicas. Além disso, os agressores frequentemente são conhecidos das vítimas, com 30% dos casos envolvendo ex-parceiros ou familiares.

* Sob supervisão de Danilo Duarte

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