Influenciadora digital Karol Eller
Violência contra LGBTs

“Cura gay”? Deputados federais pedem apuração da morte de Karol Eller

Karol Eller teria sido submetida à prática de “cura gay”. Influenciadora digital morreu na última quinta-feira (12)

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A morte de Karol Eller ainda reverbera entre a comunidade LGBT brasileira. Menos de uma semana depois da influenciadora digital ter sido encontrada morta, os deputados federais Erika Hilton (PSOL-SP), Luciene Cavalcante (PSOL-SP) e o Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) solicitaram, nesta segunda-feira (16), ao Ministério Público Federal (MPF) a apuração sobre o caso.

Influenciadora digital Karol Eller
Karol Eller teria sido submetida à prática de “cura gay”. Influenciadora digital morreu na última quinta-feira (12) – Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Karol Eller teria sido submetida à prática da chamada “cura gay” na igreja Assembleia de Deus de Rio Verde, em Goiás, de acordo com a Agência Brasil. Eller morreu na última quinta-feira (12), aos 36 anos. O caso foi registrado pela Polícia Civil como suicídio consumado, ocorrido às 22h no bairro do Campo Belo, zona sul da capital paulista.

Os parlamentares alegam que a igreja evangélica é responsável pela realização do retiro de jovens Maanaim, que oferece práticas para “conversão” de jovens bissexuais e homossexuais à heterossexualidade. Segundo o documento apresentado ao MPF, Karol Eller foi uma das vítimas dessa prática.

O documento que pede ao MP que seja feita uma investigação, diz que o objetivo é “solicitar deste órgão [MPF] a apuração dos fatos narrados com a devida investigação da prática de ‘cura gay’ pelos representados e demais entidades, profissionais, grupos e empresas em atividade no Brasil, com as medidas cabíveis para a devida ação de tutela coletiva e a devida ação penal pública pelos crimes de homotransfobia, tortura psicológica e incitação ao suicídio pelas autoridades religiosas envolvidas”.

Sem respaldo científico, a prática chamada de “cura gay” é vedada por resolução do Conselho Federal de Psicologia desde 1999. Isso porque a bissexualidade e a homossexualidade não constituem doença nem distúrbio.

“A história da Karol se confunde com a de várias outras pessoas que passaram ou passam por essa violência chamada de ‘cura gay’. Algumas igrejas desenvolvem essa prática acreditando que a homossexualidade, bissexualidade e transexualidade são patologias, doenças e pecado. Cria-se um ambiente de verdadeira tortura emocional, gerando culpa, medo, frustração, angústia, depressão”, afirmou o pastor Henrique Vieira em sua página na rede social X.

Ele acrescentou que ouve relatos de pessoas que foram expulsas de casa, de atividades ministeriais, que foram submetidos a ritos de exorcismo. “Tudo fruto de uma leitura literalista, descontextualizada, dogmática e fria da Bíblia”, escreveu.

O Ministério Público Federal (MPF) informou que recebeu a representação nessa terça-feira (17) e que o caso está em fase de análise preliminar para definição dos próximos passos. A procuradoria pode decidir por instauração de inquérito, arquivamento ou outras medidas cabíveis. O órgão informou ainda que não há prazo para conclusão da avaliação inicial.

A Agência Brasil buscou contato com a igreja Assembleia de Deus, de Rio Verde, em Goiás, pelos meios disponíveis no site e nas redes sociais, mas não houve retorno até a publicação desta matéria.

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