Santa Catarina atingiu um avanço significativo no combate ao HIV: 94% das pessoas em tratamento que realizaram exame de carga viral em 2024 apresentaram supressão do vírus, o que elimina o risco de transmissão sexual. Atualmente, 50.927 pacientes estão em terapia antirretroviral (TARV) pelo Sistema Único de Saúde (SUS), um aumento de 118,25% em relação a 2014, quando havia 23.334 pacientes.
As informações são do Boletim Epidemiológico de HIV e aids de 2024 do Ministério da Saúde. Santa Catarina segue entre os estados com maior taxa de detecção de HIV do Brasil, registrando 25,8 casos por 100 mil habitantes em 2023.
Florianópolis, especificamente, é a segunda capital com maior taxa de detecção do país, alcançando 62 casos por 100 mil habitantes. Ainda assim, houve uma redução em relação a 2019, quando essa taxa era de 90 casos por 100 mil habitantes.
Perfil dos pacientes e principais vias de transmissão
A principal via de transmissão do HIV no estado continua sendo a sexual. Entre os homens, a transmissão ocorre predominantemente entre homens que fazem sexo com homens (41,3%). Entre as mulheres, a transmissão heterossexual representa 84,3% dos casos.
A maioria dos pacientes em tratamento no estado são homens (63%), sendo a faixa etária de 40 a 59 anos a mais afetada (27,5%). Entre as mulheres, essa mesma faixa etária também predomina, correspondendo a 19,9% dos casos.
Quanto à escolaridade, 34% possuem entre 8 e 11 anos de estudo, enquanto 27% têm de 0 a 7 anos de escolaridade. Em relação à raça, 79,6% dos pacientes se declaram brancos ou amarelos, 13,4% pardos, 5,8% pretos e 0,1% indígenas.
Aumento na detecção de HIV em gestantes
Santa Catarina também apresenta uma das maiores taxas de detecção de HIV entre gestantes no Brasil, com 5,2 casos por 1.000 nascidos vivos, acima da média nacional de 3,3. Essa situação levanta alertas sobre a importância do diagnóstico precoce e da prevenção da transmissão vertical, que ocorre quando o vírus é passado de mãe para filho durante a gestação, parto ou amamentação.
Introdução de novo medicamento: Dovato
O Ministério da Saúde iniciou em janeiro de 2024 a distribuição do medicamento Dovato, que combina dois antirretrovirais (lamivudina 300mg e dolutegravir 50mg) em um único comprimido diário. Santa Catarina recebeu 190 mil unidades do medicamento, que tem como objetivo simplificar o tratamento e melhorar a adesão dos pacientes.
A transição para esse novo esquema terapêutico está sendo realizada gradualmente, priorizando pacientes acima de 50 anos, com adesão regular à terapia e carga viral indetectável.
Redução da mortalidade por AIDS no Brasil
Em nível nacional, o Brasil registrou em 2023 a menor taxa de mortalidade por AIDS desde 2013, com 10.338 óbitos e uma taxa padronizada de 3,9 mortes por 100 mil habitantes. Esse resultado reflete os esforços contínuos em prevenção, diagnóstico precoce e ampliação do acesso ao tratamento.
Em Santa Catarina, houve uma queda de 47% na taxa de mortalidade por AIDS entre 2013 e 2023, um dos melhores resultados do país. O estado tem investido na estratégia “Indetectável = Intransmissível” (I=I), reforçando que manter a carga viral suprimida impede a transmissão do HIV.
Desafios e próximos passos
Apesar dos avanços, Santa Catarina ainda enfrenta desafios significativos no combate ao HIV, incluindo a necessidade de ampliação do acesso a testes rápidos e campanhas de prevenção direcionadas a populações vulneráveis.
O SUS segue oferecendo gratuitamente a terapia antirretroviral desde 1996, e os dados mostram que a adesão ao tratamento tem sido um fator determinante para a redução da transmissão do HIV.
A continuidade das políticas públicas de prevenção, diagnóstico precoce e assistência médica será essencial para consolidar os avanços obtidos e reduzir a incidência do vírus no estado.
* Sob supervisão de Danilo Duarte