testagem regular é uma das ações para combate aos casos de hiv e aids em Florianópolis
Saúde

Casos de HIV e aids caem 30% em Florianópolis em quatro anos

Para combater casos de HIV e aids, a campanha Dezembro Vermelho terá ações sobre prevenção combinada e o combate ao preconceito

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Florianópolis tem conseguido inverter a curva de casos de HIV e aids no município com uma oferta variada de ferramentas para a prevenção e tratamento ao HIV: entre 2019 e 2023, houve redução de 30% nos novos casos de infecção pelo vírus e 33% nos casos de aids. Atualmente, em torno de 8 mil pessoas estão em tratamento para HIV no município e cerca de 1.000 pessoas sabem que têm o vírus, mas não estão em tratamento.

testagem regular é uma das ações para combate aos casos de hiv e aids em Florianópolis
Testagem regular é uma das ações para combate aos casos de HIV e aids em Florianópolis — Foto: Francelise Martini/Divulgação/Floripa.LGBT

Uma pessoa que vive com HIV, que inicia o tratamento logo que descobre a infecção e tem boa adesão, se torna indetectável, isso significa que ela deixa de ter o vírus circulando no sangue o que faz com que tenha qualidade de vida, viva a mesma quantidade de anos de uma pessoa que tem o vírus. Além disso, ela tem ZERO chances de transmissão do vírus para outras pessoas.

Apesar de tantas ações e estratégias para combate aos casos de HIV e aids, ainda persiste a desinformação e o estigma em relação ao HIV. Os tratamentos atuais são modernos, simples, eficazes e com poucos ou nenhum efeito colateral.

As ações se pautam na Prevenção Combinada, uma estratégia de saúde pública que integra múltiplos métodos de prevenção ao HIV, adaptados às necessidades específicas de diferentes populações e contextos. O objetivo é ampliar as formas de intervenção para atender às necessidades e possibilidades de cada pessoa e evitar novas infecções pelo HIV, hepatites virais e outras ISTs.

Essa abordagem inclui o uso de preservativos, testagem regular para HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), profilaxia pré-exposição (PrEP), profilaxia pós-exposição (PEP), tratamento antirretroviral para pessoas vivendo com HIV visando à supressão viral, além de ações de redução de danos e intervenções comportamentais e estruturais.

Dados divulgados pela Secretaria de Saúde da Capital em outubro de 2024 mostram que, desde 2018, 4.866 pessoas iniciaram o uso da PrEP em Florianópolis. Atualmente, 2.681 pessoas estão em uso regular da profilaxia.

“Com esse número, Florianópolis tem uma taxa de 465 usuários da PrEP a cada 100 mil habitantes, mais que o dobro da taxa da cidade de São Paulo, por exemplo, que é de 223 usuários. Um indicador que coloca Floripa na vanguarda pela luta por uma geração livre de HIV/aids”, explica o coordenador do Departamento de Gestão da Clínica da Secretaria Municipal de Saúde e médico de família, Ronaldo Zonta.

Outra estratégia é a testagem regular, para que cada pessoa possa monitorar sua situação sorológica recente. E em Florianópolis, é possível fazer o autoteste de forma sigilosa – além de gratuita. De acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde, 2024 já superou significativamente o total de autotestes distribuídos ao longo de todo o ano de 2023.

A distribuição de autotestes de HIV aumentou em aproximadamente 60% em comparação com o mesmo período do ano passado, saltando de 13.504 unidades distribuídas, para 21.600 até a última semana de novembro de 2024.

Em relação aos cuidados com o pré-natal e saúde infantil, a taxa de transmissão vertical de HIV – passagem de mãe para filho – vem reduzindo progressivamente, chegando a zero em 2023 e se mantendo em 2024. O panorama reflete que cuidados adequados nesta fase da vida podem permitir gestações saudáveis nestas mulheres.

Adicionalmente, houve redução de 7% na taxa de mortalidade por aids em Florianópolis no período. “Embora se observe tendência de redução, esta queda ainda é discreta e sinaliza que o desafio no enfrentamento da doença continua, apesar dos bons resultados dos últimos anos”, pontua Zonta.

Confira as ações da Campanha Dezembro Vermelho em Florianópolis

Neste domingo (1º) inicia em todo o país a campanha Dezembro Vermelho, uma mobilização que tem como objetivo chamar atenção para as medidas de prevenção, tratamento e o combate ao estigma do HIV/aids, além dos cuidados necessários com outras infecções sexualmente transmissíveis – ISTs. A data foi instituída em 1988, Organização Mundial da Saúde, como a primeira data internacional dedicada à saúde global.

Em Florianópolis, as atividades relacionadas ao mês iniciam já neste final de semana, dias 29 e 30 de novembro, das 19h às 21h, com ação de abordagem e orientação sobre prevenção combinada de HIV e outras ISTs, distribuição de preservativos e informativos no Centro Leste, no Centro da Capital. A atividade é organizada pela Acontece Arte e Política LGBTI+, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde e outras organizações com atuação no combate ao HIV/aids.

Na segunda-feira (2), em frente ao Terminal de Integração do Centro – Ticen, das 12h às 17h, profissionais da saúde, representantes de organizações sociais, instituições de ensino e ativistas vão dialogar com o público sobre medidas de prevenção, testagem regular, o uso de preservativos e a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) como ferramentas essenciais no enfrentamento ao vírus.

Os envolvidos farão jogos interativos com os interessados para estimular e disseminar informações corretas sobre o HIV/aids e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). A ideia é abordar todos os tipos de público, já que qualquer pessoa está sujeita à infecção pelo HIV. Kits de prevenção com preservativos e autotestes de HIV serão distribuídos durante a ação, junto com cards informativos.

“Mesmo com os avanços, a luta contra o HIV/aids ainda enfrenta diversas barreiras e desafios, principalmente relacionadas ao estigma, preconceito e desinformação. Apesar da aids ter sido estigmatizada como “doença de gays e travestis”, atualmente tem tido um aumento de novos casos de HIV e mortalidade por aids entre heterossexuais, um público que ainda precisa ter mais informações sobre os novos e mais modernos métodos de prevenção e tratamento. Conhecer esses novos métodos de prevenção para impedir a infecção, assim como testar-se regularmente para descobrir a infecção precocemente e iniciar o tratamento, são aspectos essenciais para garantir a qualidade da saúde. Sensibilizar os diferentes públicos impacta nesses resultados”, finaliza Zonta.

Ações de prevenção e tratamento aos casos de HIV e aids na Capital

Testagem para HIV/outras ISTs – A testagem de HIV, sífilis, hepatites B e C é indicada como rotina para todas as pessoas que possuem vida sexualmente ativa, devendo ser realizadas pelo menos uma ou duas vezes por ano. Em casos de práticas de risco, como relações sexuais sem preservativo, esses exames devem ser feitos com mais frequência. É possível realizar esses testes através de testes rápidos ou exames laboratoriais. Estão disponíveis nos Centros de Saúde e podem ser agendados por meio do Alô Saúde Floripa pelo telefone 0800- 333-3233 ou diretamente com a equipe de Saúde da Família de cada posto.

Também é possível realizar os testes nos três Centros de Testagem e Resposta rápida (CTRr) que funcionam nas policlínicas do Norte da Ilha, Centro, Sul da Ilha e no Continente. Eles podem ser agendados preenchendo o formulário em bit.ly/agendamentotesterapidoist ou pelo WhatsApp: CTRr Centro (48) 99121-5517 ou (48) 99111-7102), CTRr Continente (48) 99959-3242, CTRr Norte (48) 98849-4499.

Distribuição gratuita de preservativos e lubrificante – Além das estratégias de testagem, preservativos externos e internos e gel lubrificante estão disponíveis gratuitamente e de fácil acesso em qualquer unidade de saúde do município.

Comunicação de parcerias sexuais – A partir do diagnóstico de HIV, os enfermeiros que atuam no CTRr ofertam ao paciente um serviço anônimo e sigiloso de aviso de suas parcerias sexuais. O paciente é livre para escolher opções diversas de comunicação com essas parcerias para que elas façam o teste de HIV.

Autoteste de HIV – Quem mora em Florianópolis pode solicitar autotestes de HIV para receber pelos Correios pelo site www.ahoraeagora.org.

Além disso, os autotestes de HIV podem ser retirados gratuitamente nas farmácias de todos os Centros de Saúde e Policlínicas. Cada pessoa pode levar até 5 autotestes para si e para entregar para parcerias, amigos e familiares.

Florianópolis já disponibilizou mais de 23 mil autotestes gratuitos para HIV
Florianópolis já disponibilizou mais de 21 mil autotestes gratuitos para HIV apenas em 11 meses de 2024 – Foto: Reprodução / Floripa.LGBT

Tratamento para HIV – Pessoas vivendo com HIV podem iniciar o tratamento e realizar cuidados de rotina no Centro de Saúde com médicos de família e enfermeiros devidamente qualificados, sendo possível escolher em qual unidade realizar o acompanhamento. Situações de maior vulnerabilidade e complexidade contam com apoio da equipe de enfermeiros e infectologistas dos CTRr/Policlínicas, após encaminhamento do Médico de Família.

Em Florianópolis, a diretriz é que uma pessoa que vive com HIV, recém diagnosticada, pode iniciar o tratamento no mesmo dia ou até 7 dias, se a avaliação clínica dela permitir. Para conhecer os serviços dos CTRr, acesse https://linktr.ee/ctrrsusfloripa.

Tratamento de HIV pelos Correios – Outra ação, desenvolvida em parceria com o Projeto A Hora é Agora, é a entrega de medicamentos para pessoas vivendo com HIV pelos Correios, de forma sigilosa no endereço escolhido.

Florianópolis foi a primeira cidade do país a oferecer esse serviço de forma oficial pelo SUS. Para acessar o serviço a pessoa pode entrar em contato pelo WhatsApp com o número (48) 99177-2669.

Desde o início do projeto, cerca de 2.000 pessoas vivendo com o HIV usaram o programa. Atualmente, em torno de 110 recebem o tratamento pelos correios a cada mês.

Resgate de pessoas vivendo com HIV que interromperam ou não iniciaram o tratamento – Enfermeiros e psicóloga do CTRr também fazem busca ativa das pessoas vivendo com HIV que interromperam o tratamento ou ainda não iniciaram e oferecem agendamento de consulta para iniciar/reiniciar o acompanhamento.

O início ou reinício do tratamento para HIV também pode ser agendado pelo Alô Saúde Floripa no 0800 333 3233 para consultas com médico de família e enfermeiro no centro de saúde.

Desde o início de 2024, foram contactadas 1.634 pessoas vivendo com HIV que haviam interrompido o tratamento. Em virtude das ações de busca ativa, 676 dessas pessoas, ou seja, 41% delas, retomaram a terapia antirretroviral.

Fácil acesso à Profilaxia pós-exposição (PEP) – Se uma pessoa tiver uma relação sexual desprotegida, seja porque não usou o preservativo ou porque o preservativo rompeu, ela pode fazer uso da PEP (Profilaxia Pós-Exposição ao HIV) em até 72 horas para prevenir de se infectar pelo HIV.

O tratamento é comprimido, realizado durante 28 dias, e está disponível nos Centros de Saúde ou UPAs 24h. Para informar-se onde buscar o mais rápido possível a PEP, a pessoa pode ligar no Alô Saúde Floripa 0888 333 3233.

Ampla oferta de Profilaxia pré-exposição (PrEP) – Outra medida importante de prevenção combinada é a PrEP, medicamento que previne o HIV e está disponível pelo SUS (Sistema Único de Saúde) desde 2018. A PrEP, que pode ser usada a partir de 15 anos de idade, garante a proteção contra o HIV, mas não contra a sífilis e outras IST. Para iniciar a PrEP, é preciso agendar o atendimento através do site bit.ly/agendamentoprep.

Florianópolis participa de pesquisa com PrEP injetável

É destaque a participação da Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis no projeto ImPrEP CAB Brasil, que é um estudo de implementação da profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV injetável, utilizando o medicamento cabotegravir injetável de longa duração (CAB-LA).

Coordenado pelo Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz, o projeto visa gerar evidências científicas para a possível inclusão do CAB-LA como uma opção adicional de PrEP no Sistema Único de Saúde (SUS).

A Policlínica Centro é um dos seis serviços de saúde pública no Brasil que participam do estudo, oferecendo essa modalidade de prevenção. Essa parceria é fundamental para ampliar as opções de prevenção ao HIV no município, atendendo às necessidades específicas das populações mais vulneráveis e contribuindo para a redução das infecções pelo vírus.

* Com informações da Prefeitura de Florianópolis

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