O presidente da Fundação Catarinense de Cultura, Rafael Nogueira, foi exonerado nesta sexta-feira (6). A decisão foi divulgada no Diário Oficial do Estado (DOE). Sob sua gestão, que iniciou no início de 2023, a fundação se viu envolvida em alguns casos de agressões ou censura contra a comunidade LGBT+.
No lugar dele assume Maria Teresinha Debatin, que já foi presidente do órgão em 2014 e ocupava até então o cargo de secretária adjunta de Administração.
Conflitos com pautas LGBT+
Durante a gestão de Rafael Nogueira houve alguns conflitos da FCC com eventos que envolviam pautas LGBT+. O caso mais recente foi noticiado pelo Floripa.LGBT e aconteceu em janeiro deste ano.
Na ocasião, durante a 4ª Conferência Estadual de Cultura, que discutia pautas progressistas e propostas LGBT+, diversos policiais armados e com cães ficaram na recepção do Centro Integrado de Cultura (CIC).
Na ocasião, a assessoria da Fundação respondeu que a presença de policias se deu pela realização de outro evento, que não constava na agenda pública mantida pelo órgão e que não havia relação com a Conferência.
Outra situação que causou revolta na comunidade foi noticiada em novembro de 2023, quando na última edição do Festival Transforma de Cinema da Diversidade, a FCC exigiu a retirada de uma faixa adesiva com a expressão “sejam bem vindes” utilizando a linguagem neutra.
A justificativa para a censura, segundo o FCC, é a existência de um decreto de 2021, que ” proíbe a utilização desta linguagem nas comunicações oficiais do Governo, o que se estende a fachadas de prédios públicos”. Graças a uma liminar judicial, a faixa foi recolocada no dia seguinte.
Além disso, em agosto, o então presidente fez uma postagem parabenizando o governador Jorginho Mello por não financiar a Parada LGBT+ em Florianópolis. O Floripa.LGBT noticiou que o governador decidiu não disponibilizar recursos para o evento por considerá-lo uma pauta ideológica.
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Quem é Rafael Nogueira?
Nomeado em fevereiro de 2023 para ocupar o cargo, Rafael é natural de Santos (SP) e formado em Direito, Filosofia, História e Educação.
Antes de ocupar o cargo na FCC, Nogueira já atuou nos cargos de secretário nacional da Economia Criativa e Diversidade Cultural da Secretaria Especial da Cultura no Ministério do Turismo e exerceu, entre 2019 e 2022, o cargo de presidente da Fundação Biblioteca Nacional.
O agora ex-presidente é apoiador de nomes do bolsonarismo, tendo fotos em eventos com nomes como Eduardo Bolsonaro, Ana Campagnolo e Nikolas Ferreira.
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Além disso, Nogueira se considera aluno de Olavo de Carvalho e já fez algumas postagens exaltando sua pessoa. Em 2023, ele escreveu em uma postagem compartilhando um texto de Olavo:
“No início dos anos 2000, éramos jovens solitários conectados só pela Internet — sozinhos, cada aluno do Olavo, cada liberal, cada conservador, inaugurava espaços onde havia liberdade de pensar, onde tradição e religião não eram execrecadas, onde as novidades acadêmicas e, de grupos sociais prenhes de violência, podiam ser questionadas.
Hoje somos muitos. Fazemos frente a poderes imensos. Perder 1, 2 ou 3 batalhas não deve nos fazer esmorecer. O Brasil caminha para a tirania, e já dissemos “basta!” muitas vezes. Continuemos, pois, não para nossa glória, mas para a de Nosso Senhor Jesus Cristo.”
Escritora vai substituir Nogueira na presidência da FCC
Maria Teresinha Debatin é o nome que vai substituir Rafael Nogueira no cargo de presidente da FCC. Numeróloga, cabalista e escritora, ela já foi presidente do órgão em 2014, durante o governo de Raimundo Colombo (PSD).
Em 2023, a escritora foi nomeada como secretária adjunta da Casa Civil no Governo do Estado e já foi cotada para a diretoria da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) – cargo em que já esteve entre 2002 e 2003 -, porém teve seu nome barrado. Atualmente, Debatin ocupava um cargo na secretaria de Aministração.
