A atleta Valentina Petrillo vai se tornar a primeira pessoa trans a concorrer nas Paralimpíadas de Paris, que começam no próximo dia 28 de agosto. Com 50 anos de idade, a italiana compete na classificação T12 de 200 e 400m feminino dos jogos, que é para mulheres com algum tipo de deficiência visual. As informações são da BBC.
Em entrevista ao site, a atleta contou um pouco de sua história, dizendo que sabia que era uma mulher desde que tinha nove anos. Aos 14, foi diagnosticada com a doença de Stargardt, doença hereditária que afeta a retina e causa a perda de visão.
Com essa deficiência causada por sua condição, entre 2015 e 2018 (antes de sua transição), Valentina ganhou 11 títulos nacionais na categoria T12 masculina do atletismo.
Em janeiro de 2019, com apoio de sua esposa, ela começou o processo de transição com a terapia de hormônios. “Meu metabolismo mudou”, contou a atleta.
A italiana contou de algumas complicações que o processo de transição trouxe para a sua performance como atleta, afirmando que não é mais a pessoa energética que era antes. “Nos primeiros meses de transição engordei 10kg. Não consigo comer como antes, fiquei anêmico, minha hemoglobina está baixa, estou sempre com frio, não tenho a mesma força física, meu sono não é o que era e tenho alterações de humor”.
Para Valentina, como atleta é difícil que não é mais tão rápida como antes, mas segundo ela esse é o preço que ela tem que pagar para sua felicidade.
Perguntada sobre as Paralimpíadas, Petrillo disse que há um valor histórico em ser a primeira mulher transexual a concorrer na competição. E ainda argumentou que não é porque ela é uma mulher trans que teria vantagens:
“Em última análise, nos sete anos em que atletas transexuais puderam competir na categoria feminina, o número de casos em que se destacaram pelos seus resultados desportivos foi muito pequeno e espaçado”, comenta.
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Mundo do esporte cria polêmica em cima da atleta
Apesar do marco que vai ser uma mulher trans concorrendo nesta competição, o nome de Petrillo ser listado entre as atletas selecionadas causou polêmica entre profissionais do meio contrários a presença de pessoas trans.
A advogada e atleta Mariuccia Quilleri, que representou competidoras que eram contra a participação da italiana, disse que escolheram a “inclusão ao invés do que é justo”.
Já Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Internacional, afirmou que Valentina é bem-vinda a Paris e que ele gostaria de ver o mundo do esporte unido nas políticas para transgêneros.
A regra das Paralímpiadas permite que pessoas que são legalmente reconhecidas como mulheres sejam elegíveis para competir na categoria que sua deficiência a qualifica.
* Sob supervisão de Danilo Duarte