Um dos aplicativos de relacionamento mais populares entre a comunidade LGBT+, o Grindr, decidiu firmar uma parceria com o Disque 100, canal de denúncias do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), para combater a LGBTfobia.
Quem acessa o aplicativo já recebe um alerta: “Não toleramos violência!”. Ao clicar na mensagem, o usuário é direcionado ao anúncio “Se rolar close errado, Disque 100”. A frase busca conscientizar a população sobre a importância de realizar denúncias em caso de violação de direitos humanos.
Considerado como “Tinder gay“, o Grindr é um dos aplicativos de relacionamento mais populares do mundo, com mais de 14 milhões de usuários ativos por mês. A maioria dos usuários são homens gays, mas o app também é utilizado por pessoas bissexuais, transexuais e queer.
“O Grindr é um aplicativo que tem um alcance enorme sobretudo entre homens gays, o que nos ajuda a ampliar o acesso ao Disque 100 para o combate à homotransfobia”, explica a secretária dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, Symmy Larrat.
Brasil está entre as dez maiores regiões que utilizam o Grindr
De acordo com a plataforma, o Brasil está entre as maiores regiões que utilizam o app globalmente, refletindo o tamanho da população LGBT+. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, do IBGE, 2,9 milhões de pessoas se declararam homossexuais ou bissexuais no país, o que corresponde a 1,8% da população acima de 18 anos.
O Grindr afirma que a parceria com o MDHC visa proteger os direitos dos usuários e reforça o compromisso da plataforma com uma cultura de segurança e responsabilização.
“Essa colaboração destaca nosso compromisso em promover a segurança, os direitos e a defesa dos direitos da população LGBTQIA+ em todo o Brasil, fornecendo aos nossos usuários um recurso confiável para denunciar qualquer incidente de discriminação ou violência”, detalha a gerente do Grindr for Equality, Steph Niaupari.
Denúncias pelo Disque 100 aumentaram nos últimos 4 anos
Segundo o MDHC, somente em 2024, o Disque 100 já recebeu mais de 7,1 mil denúncias – o índice é quatro vezes maior do que em 2020 (1,8 mil). Entre as principais violações estão a tortura psíquica (17,61%), constrangimento (15,35%) e ameaça ou coação (11,345).
A maioria das denúncias foi feita por homens gays (2.631), pessoas transexuais e travestis (1.506), lésbicas (1.255) e bissexuais (1.026). O ambiente virtual está entre os três cenários mais citados com 556 denúncias, atrás apenas da casa da vítima (2.489) e da residência da vítima com o suspeito (1.497).
Parceria para facilitar acesso a testes de HIV
De acordo com o portal Metrópoles, o Governo Federal também fechou uma parceria com o Grindr para facilitar o acesso aos testes rápidos do vírus HIV.
A ação é da Secretaria Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, vinculada ao Ministério dos Direitos Humanos, em parceria com o Ministério da Saúde.
Por meio da parceria, o aplicativo vai ajudar os usuários a conseguirem, por meio de geolocalização, informações sobre locais que façam o teste rápido de HIV.
Como denunciar um caso de violência?
As violações de direitos humanos podem ser denunciadas pela central de denúncias do MDHC ou por diferentes plataformas: além das ligações telefônicas do Disque 100, as vítimas podem realizar denúncias pelo WhatsApp e Telegram.
Pessoas surdas ou com deficiência auditiva podem entrar em contato por videochamada em Língua Brasileira de Sinais (Libras). Outra opção é o atendimento por meio de bate-papo.
Telefone: Ligação gratuita, basta discar 100;
WhatsApp (61) 99611-0100;
Telegram (digitar “direitoshumanosbrasil” na busca do aplicativo);
Site da Ouvidoria (https://www.gov.br/mdh/pt-br/ondh/);
Videochamada em Libras (https://atendelibras.mdh.gov.br/acesso).
* Sob supervisão de Danilo Duarte