Um estudo sobre turismo LGBTQIA+, feito pela plataforma de viagens Booking, aponta que muitos viajantes ainda encontram grandes desafios quando o assunto é viagem e segurança. A pesquisa foi realizada com 11.555 turistas em 27 países, incluindo o Brasil, e foi feita on-line, entre março e abril de 2023. Os pesquisados precisavam planejar uma viagem nos próximos 12 meses e se identificaram em dados demográficos de sexo, gênero e orientação sexual.
No mundo, existem 64 países que ainda proíbem e descriminalizam as relações entre as pessoas do mesmo sexo, destes, 11 impostam a pena de morte. Isso significa que estes locais não são nada receptivos para esse público e que estão fora de cogitação para a maioria dos turistas LGBTQIA+.
Entre os brasileiros entrevistados, 72% afirmam que alguns destinos estão completamente fora dos planos. Dentre esse público, 50% cancelaram uma viagem em 2022 depois de ver a falta de apoio de um destino local em relação às pessoas LGBTQIA+.
A discriminação continua sendo uma preocupação fundamental em toda a experiência de viagem, sendo que 60% dos participantes brasileiros já sofreram algum tipo de discriminação ao viajar. Além disso, 22% afirmam ter sido olhados, ridicularizados ou abusados verbalmente por outros viajantes ou até mesmo de moradores locais e que já sofreram ameaça ou intimidação das autoridades locais.
Para pessoas transgêneras, as viagens podem trazer barreiras adicionais se a sua identidade de gênero, nome ou aparência não corresponderem aos do passaporte, por exemplo.
O estudo feito pela Booking.com ainda revela dois dados relevantes para quem opera no segmento do turismo:
- 77% dos brasileiros LGBTQIA+ tendem a favorecer companhias aéreas e marcas com políticas inclusivas (por exemplo, uniformes de gênero neutro);
- 76% deles dizem que preferem reservar viagens e experiências com marcas de pessoas LGBTQIA+.
Turistas LGBTQIA+ levam em consideração a segurança
Embora as preocupações com a segurança pessoal tenham um impacto fundamental nas escolhas de destinos da comunidade brasileira LGBTQ+ (39%), outras motivações desempenham um papel importante para viajar, como ótimas praias (50%), belas paisagens naturais (48%) e gastronomia local saborosa (46%).
Durante as férias, 82% dos viajantes LGBTQIA+ do Brasil se sentem confiantes para participar das atividades que quiserem, e três em cada quatro tendem a buscar atrações e atividades personalizadas para pessoas que se identificam como LGBTQIA+.
Experiências positivas de viagem também estão se tornando muito mais comuns e, sem dúvida, aumentando a confiança da comunidade. Usar uma comunicação amigável e informativa sobre a propriedade antes da chegada, causam ótimas impressões.
“Na Booking.com, acreditamos que todas as pessoas devem ser capazes de vivenciar o mundo exatamente como são. Embora a visibilidade, a compreensão e a aceitação das pessoas LGBTQ+ tenham evoluído muito nos últimos anos, não podemos considerar esse progresso garantido. O setor de turismo deve se esforçar para ser um exemplo de inclusão, ajudando a promover um ambiente em que todos possam crescer e prosperar”, diz Arjan Dijk, CMO e Vice-Presidente Sênior da Booking.com.
Perfil do turista LGBTQIA+
Em relação a acomodações, metade (50%) dos respondentes brasileiros tiveram uma comunicação amigável e informativa com a propriedade antes da chegada (contra 27% em 2022), e 45% deles tiveram ótimas primeiras impressões na chegada, como drinques de boas-vindas e equipe simpática (contra 37% em 2022).
Além disso, os brasileiros LGBTQ+ são a segunda nacionalidade que mais aprecia a experiência de reservar viagens (91%), atrás apenas dos entrevistados de Hong Kong (96%).
O estudo indica que, apesar do crescente reconhecimento do setor de turismo em relação ao escopo e à variedade das experiências LGBTQ+, muitos viajantes ainda encontram grandes desafios.