Florianópolis está se articulando para oferecer uma cidade mais segura e receptiva ao turismo de pessoas LGBT+. De acordo com a assessora de Políticas Públicas para Pessoas LGBTQIA+, Selma Light, esse foi o tema de uma reunião recente com a secretária de Turismo, Zena Becker. O objetivo é desenvolver um conjunto de ações para receber turistas LGBT+ na capital catarinense.
Segundo Selma, no entanto, a ações só devem começar a serem desenvolvidas após as eleições municipais, por conta da legislação, mas ainda não há data para esse processo começar.
Durante a reunião, que acontece na semana passada, foram repassados alguns dados sobre a violência contra pessoas LGBT+ em Florianópolis para a secretária de Turismo e o que poderia ser feito para conter esse problema social contra a comunidade. “Queríamos colocar ela a par de tudo para começar a traçar uma estratégia e conseguir chegar na temporada com algumas ações já tomadas”, conta Selma.
Entre as ações que foram discutidas como forma de aumentar o turismo LGBT+ para a próxima temporada estão medidas como:
- Capacitações na área de segurança pública;
- Treinamento para hotéis e restaurantes;
- Criação de um Selo LGBT friendly para hóteis e restaurantes;
- Capacitação dos Centros de Atendimento ao Turismo (CAT);
- Criar guias para o turismo LGBT+;
- Criar rotas LGBT.
Em entrevista ao Floripa.LGBT, Selma se referiu a essas ações como “medidas emergenciais” e, segundo ela, é de grande importância tratar a questão da segurança pública ao pensar em políticas de turismo LGBT.
Isso porque “a primeira coisa que o turista LGBT procura quando vai viajar é a questão de segurança”. Selma ainda relata que as agências acabam não indicando Florianópolis e Santa Catarina por conta da violência contra a comunidade.
Apesar disso, ela explica que há uma problemática envolvendo a forma que é vendido o turismo LGBT em Florianópolis pela agências de turismo, por conta dos números de violência contra a comunidade LGBT+.
Atualmente o número de casos de violência contra pessoas LGBT+ em Florianópolis é o maior entre os munícipios de Santa Catarina, com 92 casos. Já em nível estadual esse número é de 902 violações contra pessoas LGBT+. Os dados são do painel de dados do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC).
“Antes nem se falava dos números de violência e se vendia uma imagem de que tudo era lindo e maravilhoso. Antes esses números eram invisíveis e agora são visíveis”, lembra Selma.
O turismo LGBT+ ignorado no Brasil
Neste mês, o Floripa.LGBT divulgou que a comunidade LGBT+ havia ficado de fora do Plano Nacional de Turismo (PNT) para o período de 2024-2027. O plano foi assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula e o ministro do turismo Celso Rabino, e apresenta orientações de ações que o governo deve tomar, além de detalhar a forma de utilização de recursos para a área.
Especialistas em turismo LGBT comentaram tanto sobre o cenário nacional quanto de Santa Catarina. Clovis Casemiro, um dos dirigentes da Associação Internacional de Turismo LGBT (IGLTA), por exemplo, afirma que por muitos anos a cidade de Florianópolis foi meca de turistas LGBT+ e atualmente não há a participação de Santa Catarina em nenhum evento sobre turismo LGBT+ como a Feira LGBT+ Turismo Expo.
Além disso, houve o caso no qual o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), afirmou que não iria disponibilizar recursos para a Parada LGBTI+ em Florianópolis, por considerar o evento como uma “pauta ideológica”.
* Sob supervisão de Danilo Duarte