Ator gay denuncia homofobia no norte da ilha em Florianópolis
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‘Viadinho de merda’: ator denuncia caso de homofobia no Norte da Ilha

Um homem teria xingado e agredido o ator com socos, quando voltava da farmácia. Xingamento homofóbico é o mesmo usado em outro caso recente

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Um ator gay está denunciando ter sido vítima de homofobia e xenofobia no Norte da Ilha de Santa Catarina. O crime aconteceu no dia 23 de junho, no bairro São João do Rio Vermelho, em Florianópolis. Um dos detalhes que chama a atenção é que o xingamento proferido contra ele é o mesmo utilizado em outro caso recente, registrado em Balneário Camboriú.

Ator gay denuncia homofobia no norte da ilha em Florianópolis
Paulo Vasilescu é ator, performer da drag queen Zuleika Pazuzu e locutor publicitário – Foto: Reprodução/Floripa.LGBT

Paulo Vasilescu, de 49 anos, estava a caminho da farmácia, de bicicleta, quando passou por um cachorro e um rapaz, acompanhado de outro homem. O rapaz falou: “é mansinho”, se referindo ao cão, e quando Paulo passou, o animal tentou atacar. Diante do comportamento do animal, Paulo disse: “vamos ver se é mansinho mesmo com a polícia?”, e seguiu em frente.

Ao voltar para casa, Paulo foi encurralado por um outro homem e caiu da bicicleta. O homem começou a ofender Paulo com xingamentos homofóbicos e xenofóbicos, o empurrando e dando socos.

“Sai daqui agora. Vai embora daqui, porque aqui é nativo. Você vai ver o que é bom, seu viadinho de merda“, disse o agressor, de acordo com a vítima.

O ator afirma que nunca teve comportamento agressivo, mas sentiu necessidade de tentar se defender após levar dois socos no rosto e nas costelas. Ao revidar, o agressor tirou uma chave de fenda do bolso. Foi quando Paulo se afastou e correu, pedindo socorro pela rua.

Apenas um vizinho apareceu por cima do muro, mas Paulo não recebeu ajuda. Um dos homens que acompanhava o agressor impediu que ele continuasse a briga e disse que Paulo tinha sorte de ser apenas uma chave de fenda e não uma arma [de fogo].

Paulo afirma que foi para casa apavorado e, com a bicicleta danificada, sem condições de voltar a pedalar. Ele afirma que mora sozinho e já sofreu homofobia em várias ocasiões, em outras cidades do Brasil e até mesmo na Austrália, onde morou por um tempo. O ator registrou boletim de ocorrência e aguarda investigação da polícia.

“Eu tenho medo eu tenho muito medo e eu sei que o mundo tá piorando. […] Saí às pressas de onde morava e aluguei um apartamento em outro lugar”, lembra Paulo.

O ator também é locutor publicitário e performer da drag queen Zuleika Pazuzu. Ele conta que já tinha planos de voltar para Porto Alegre, mas acabou adiando por causa da crise climática no estado gaúcho. Em novembro, o ator planeja estrear um espetáculo em Florianópolis.

Florianópolis é a cidade com mais casos de violência LGBT em SC

A capital catarinense lidera o ranking de casos de violência contra pessoas LGBT+ no estado, com 92 registros de violações apenas no primeiro semestre de 2024.

De acordo com dados do painel do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), Santa Catarina registrou 902 casos de violações contra pessoas LGBT+ até junho deste ano.

O número é quase 17 vezes maior que o registrado em 2020, quando o órgão divulgou o primeiro boletim, com 54 casos.

O que fazer em caso de violência LGBT+

Encarar um episódio de violência não é fácil, o medo e a vergonha de denunciar podem acabar deixando agressores impunes. Por isso, em caso de LGBTfobia, é importante procurar a Polícia Civil e fazer a denúncia.

As denúncias de casos de violência podem ser feitas pelo disque denúncia 181, pelo WhatsApp da Polícia Civil (48) 98844-0011 ou ainda pelo site da polícia.

Um manual contra LGBTfobia também explica quais são os meios legais que uma pessoa pode recorrer para de se defender da violência LGBTfóbica. O documento foi elaborado pela Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) e pela ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos).

A cartilha esclarece dúvidas sobre como fazer denúncias, acompanhar o processo jurídico e cobrar que casos de LGBTfobia sejam reconhecidos dessa forma. O material é gratuito e pode ser acessado neste link.

* Sob supervisão de Danilo Duarte

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