A jovem Letícia Maryon, de 22 anos, tirou a própria vida após passar por um processo de “destransição”, orientado por um pastor que se diz ex-travesti e defende a “cura gay“. O caso foi revelado pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) na rede social BlueSky.
Nos últimos dias, Letícia havia participado de um culto do pastor Flávio Amaral para falar sobre o seu processo de “destransição”. No evento, ela afirmou que estava passando por uma “guerra espiritual entre a carne e o espírito”.
O pastor Flávio Amaral, que acompanhava a jovem, é conhecido por aplicar terapias de conversão, conhecidas popularmente por “cura gay”. Nas redes sociais, ele prega que é possível “deixar a homossexualidade” através da religião. O pastor chegou a participar de programas de TV e tem mais de 194 mil seguidores no Instagram.
O Conselho Federal de Psicologia (CFP) condena e proíbe a prática de “terapias de conversão” há mais de 25 anos. Em 2020, o Supremo Tribunal Federal (STF) também reconheceu que essas terapias não podem ser oferecidas por quaisquer profissionais.
Em 2023, a deputada Erika Hilton apresentou um projeto de lei para equiparar as terapias de conversão ao crime de tortura. Atualmente, o projeto está incluído no PL 737/2022, que também criminaliza as práticas de “destransição” de pessoas LGBT+.
🚨 NOSSA EXISTÊNCIA NÃO É DOENÇA!
Leticia Maryon, uma travesti que estava passando por um “processo de destransição” cometeu su*cidio.
Leticia foi vítima do Pastor Flavio Amaral, que se diz ex-travesti e prega a “cura gay”.
Não podemos continuar aceitando que religiosos nos torturem até a morte +👇🏽
— ERIKA HILTON (@erikahilton.bsky.social) October 1, 2024 at 1:26 PM
Influenciadora lésbica morreu após retiro religioso em 2023
A morte de Letícia não é um caso isolado. Em 2023, a youtuber e ativista política Karol Eller, de 36 anos, tirou a própria vida em São Paulo após retornar de um retiro religioso.
Na época, a influenciadora digital anunciou que havia “renunciado à prática homossexual”. Após a repercussão do caso, deputados federais chegaram a pedir que a igreja que Karol frequentava fosse investigada por “terapias de conversão”.
Precisa de apoio? Busque ajuda gratuitamente!
Se você estiver passando por um momento difícil, entre em contato com o Centro de Valorização da Vida (CVV), uma organização que oferece apoio emocional e prevenção ao suicídio. O telefone de contato é 188, mas também é possível conversar pelo chat no site do CVV.
* Sob supervisão de Danilo Duarte
