Um jornalista denunciou ter sido vítima de ataques homofóbicos em um camping no bairro Ingleses, no Norte da Ilha, em Florianópolis. Wesley Velho estava acompanhado do namorado e de um colega de trabalho e registraram um vídeo para denunciar o caso de homofobia.
O portal Floripa.LGBT acompanha há uma semana a história do jornalista e apresentador, que denunciou o caso por meio do Instagram do Floripa.LGBT.
De acordo com Wesley Velho, ele teria acordado na manhã do dia 6 de dezembro e levantado, em busca de um copo de água na cozinha compartilhada do camping.
Na cozinha, um homem identificado como prestador de serviços do camping teria oferecido café ao jovem, que agradeceu e recusou, pois não costuma consumir a bebida. A partir da recusa, o funcionário teria começado a chamar Wesley de “gay, viado e bixa”.
No primeiro momento, Wesley acreditou que poderia ser uma brincadeira, ainda que de mau gosto. Mas o homem começou a levantar a voz e perseguir Wesley, que tentou se afastar e pedir ajuda, voltando para a barraca onde estava hospedado.
Nas imagens registradas pelo grupo, é possível ver que o homem tenta expulsar jovens do local. Segundo Wesley, o homem disse que estava armado.
Em nota, Wesley detalhou que a situação causou problemas de saúde. O jovem também afirma estar em contato com as autoridades e assessoria jurídica para denunciar a agressão sofrida.
“Na última sexta-feira, em Florianópolis, fui vítima de um ataque homofóbico brutal. Fui jurado de morte e perseguido, felizmente consegui escapar. Estou trabalhando com a polícia e meus advogados para garantir justiça. Agora, estou lidando com os traumas: perda de apetite, insônia e ataques de pânico. Não estou sozinho! Conto com o apoio de amigos, familiares”, afirmou em nota nas redes sociais.
A vereadora Carla Ayres (PT) encaminhou uma denúncia ao Núcleo de Atendimento a Vítimas de Crimes (NAVIT) do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) e também à assessora de Políticas Públicas para Pessoas LGBTQIA+ da Prefeitura Municipal de Florianópolis, Selma Light.
Após a denúncia, o MPSC instaurou uma notícia de fato e requisitou a abertura de inquérito policial para investigar o caso.
Ataques homofóbicos foram registrados em vídeo
Ao perceber os ataques, os jovens decidiram registrar a situação em vídeo. É possível ver que um homem tenta desarmar a barraca deles e não se intimida quando tentam ligar para a polícia.
Camping onde aconteceram os ataques homofóbicos se defende
Nas redes sociais, o estacionamento e camping Vitória, onde aconteceram os ataques homofóbicos denunciados por Wesley, publicou uma nota em resposta ao vídeo registrado.
“O estacionamento e camping, não compactua com nenhum tipo de preconceito LGBTQIAPN+ ou qualquer tipo de preconceito.
Obtivemos um acontecimento de um caso isolado, onde um grupo de pessoas estava utilizando diferentes tipos de drogas no espaço do camping, o que fere o nosso regulamento. Um de nossos prestadores de serviços, solicitou a saída dos mesmos de forma voluntária e educada. Mas após o pedido, aconteceu a discussão, onde houve a gravação.
Nosso setor jurídico está ciente da situação com conversas via WhatsApp, onde provam totalmente uma situação diferente da acusação. Nosso estacionamento e camping tem o objetivo de trazer sempre o melhor a seus clientes, com respeito, educação e o máximo de proximidade para um melhor atendimento”, afirma a nota.
Política de acolhimento para pessoas LGBT é lei em Florianópolis
Desde 2023, a capital catarinense tem uma lei que assegura atenção, apoio e acolhimento às pessoas LGBT+. A lei aprovada cria diretrizes para assegurar um atendimento às pessoas LGBTI+ nas redes de assistência e nos equipamentos sociais do município.
A vereadora Carla Ayres, autora do texto, destacou a importância da legislação diante do caso de homofobia.
“Vale lembrar que desde setembro do ano passado, Florianópolis possui uma Política Municipal de Atenção, Apoio e Acolhimento de Pessoas LGBTI+, lei de nossa autoria que precisa ser regulamentada pela prefeitura”, afirmou a vereadora.
* Sob supervisão de Danilo Duarte