Shopping usa código "homossexual" como ocorrência de segurança interna
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Shopping usa “código homossexual” como ocorrência de segurança

Equipe de segurança do shopping tem código de ocorrência impresso no crachá para identificar pessoas LGBT+. Empresa nega discriminação

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Um crachá com o código “homossexual” entre as ocorrências de segurança de um shopping em Olinda (PE) chamou atenção de um frequentador que teve acesso ao documento e o assunto passou a repercutir nacionalmente como indício de homofobia. A lista contém mais de 35 códigos, como casos de furto, assalto, agressão e crianças perdidas e serve para que a equipe interna de segurança possa conversar de forma objetiva e de forma discreta.

Shopping usa código "homossexual" como ocorrência de segurança interna
Shopping usa código “homossexual” como ocorrência de segurança interna – Foto: Divulgação/Floripa.LGBT

O caso foi revelado em uma reportagem do Marco Zero. O jovem, que não quis se identificar, relatou ao jornal que já havia notado comportamentos discriminatórios pela equipe de segurança do shopping, antes mesmo de saber que havia um código para identificar pessoas LGBT+.

“Na hora que vi o crachá me passaram várias coisas na cabeça e tantos eventos e situações fizeram sentido. A discriminação corriqueira que já havia notado tantas vezes naquele ambiente, comigo e com outros, não se tratava da conduta de algum colaborador específico, mas do próprio protocolo administrativo do shopping. Eles literalmente institucionalizaram a descriminalização em razão da sexualidade”, disse o jovem ao jornal.

Shopping usa código "homossexual" para ocorrências de segurança
Seguranças usam código para identificar pessoas LGBT+ em ocorrências de segurança – Foto: Reprodução/Marco Zero

A foto que registrou o “código homossexual” viralizou rapidamente na internet. Além do código 30, a lista conta com ocorrências consideradas corriqueiras, como veículos abertos, faróis acesos ou mesmo entrada de mercadorias fora do horário estipulado pela administração do shopping.

Considerando o caso como homofobia, o frequentador fez denúncias à Comissão de Cidadania, Direitos Humanos e Participação Popular da Assembleia Legislativa de Pernambuco e para a Comissão da Diversidade Sexual e de Gênero da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PE).

O advogado Sérgio Pessoa, presidente da Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero da OAB-PE, encaminhou a denúncia para o Ministério Público de Pernambuco (MPPE). Dependendo das investigações, o shopping pode ser alvo de uma ação coletiva indenizatória.

Shopping confirma existência do código “Homossexual”, mas nega homofobia

Em nota à publicação, o shopping Tacaruna reconheceu os códigos utilizados no crachá da equipe de segurança e afirmou que são utilizados em casos de emergência e para resguardar a segurança de todos, sem orientação discriminatória.

“No caso em questão, reconhecemos o erro e nos desculpamos pelo uso inadequado do termo. Mas o único objetivo era garantir o direito amplo a todas as pessoas. Pedimos desculpas por qualquer interpretação fora desse contexto. Asseguramos que estamos revisando todos os termos adotados”, finaliza a nota.

* Sob supervisão de Danilo Duarte

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