Um casal gay denunciou ter sofrido homofobia durante uma viagem de ônibus entre Balneário Camboriú e São Paulo na última quinta-feira (2). Durante o percurso, uma passageira fez insultos homofóbicos e acusou os dois jovens de derramarem uma bebida no chão e sujar os pertences dela.
Wellington e Ailton embarcaram às 11h40 em Itajaí e por volta das 19h, a passageira sentada à frente do casal começou a insultar e reclamar que eles teriam sujado os pertences dela.
No vídeo, registrado por eles, a mulher se refere ao casal como “bibas do caralho”. Ailton ainda relata que a passageira disse que eles não poderiam se ofender com isso, pois eles (gays) também se chamam assim.
O casal afirma que relatou o caso a um dos motoristas da empresa de ônibus, mas que não receberam suporte e nenhuma ação foi tomada. Na parada para o jantar, eles pediram novamente ajuda e a identificação da passageira, mas o motorista se recusou a fornecer qualquer informação.
Empresa de ônibus repudiou o caso, mas não confirma denúncia feita por casal gay
A Auto Viação Gadotti, empresa responsável pela viagem, publicou uma nota nas redes sociais, repudiando o episódio. Entretanto, a empresa não deixou claro se deu suporte ao casal de passageiros, que afirma não ter recebido ajuda.
“Auto Viação Gadotti repudia todo e qualquer ato de homofobia e preconceito. Somos uma empresa comprometida com os valores de respeito, igualdade e inclusão social. Valorizamos a diversidade e reforçamos que atitudes discriminatórias não serão aceitas em nossa empresa. Seguimos trabalhando para construir um mundo mais justo e acolhedor para todos.”
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O que fazer em caso de LGBTfobia
Encarar um episódio de violência não é fácil, o medo e a vergonha de denunciar podem acabar deixando agressores impunes. Por isso, em caso de LGBTfobia, é importante procurar a Polícia Civil e fazer a denúncia.
As denúncias de casos de violência podem ser feitas pelo disque denúncia 181, pelo WhatsApp da Polícia Civil (48) 98844-0011 ou ainda pelo site da polícia.
Um manual contra LGBTfobia também explica quais são os meios legais que uma pessoa pode recorrer para de se defender da violência LGBTfóbica. O documento foi elaborado pela Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) e pela ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos).
A cartilha esclarece dúvidas sobre como fazer denúncias, acompanhar o processo jurídico e cobrar que casos de crime de homofobia sejam reconhecidos dessa forma. O material é gratuito e pode ser acessado neste link.
Crimes de LGBTfobia são tratados como racismo
Em 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o crime de homofobia e transfobia sejam equiparados ao crime de racismo, já que não existe uma legislação específica aprovada pelo Congresso Nacional.
Em caso de condenação, esses crimes não permitem acordos para evitar punição. Além da homofobia e do racismo, o acordo também não pode ser feito nos crimes de violência doméstica, pois são práticas com alto grau de reprovação.
* Sob supervisão de Danilo Duarte