Um projeto itinerante vai discutir sobre saúde mental para população bissexual e não monossexual. O objetivo é refletir sobre o atendimento psicológico oferecido à comunidade bissexual catarinense, que muitas vezes tem dificuldade em encontrar um profissional que ofereça acolhimento adequado.
O evento é voltado para os profissionais de psicologia e estudantes da área e acontece em alusão ao dia nacional do orgulho bissexual, comemorado no dia 26 de setembro.
Os encontros serão organizados pelo Conselho Regional de Psicologia de Santa Catarina (CRP-SC), em parceria com a Coletiva de Mulheres Bissexuais de Santa Catarina (Combi-SC) e acontecem nas cidades de Florianópolis, Joinville, Chapecó e Criciúma.
Ana Paula Mendes, mulher cis bissexual e ativista da Combi-SC, destaca a importância de se falar sobre bissexualidade na área de psicologia e a busca pelo respeito e o combate ao preconceito.
“São ações que dialogam com nossa busca por uma sociedade livre de bifobia, e para isso é fundamental atuar junto a psicologia. Saúde mental é um tema caro para a população bissexual e não monossexual. Enquanto movimento social, atuamos para que as pessoas bissexuais sejam respeitadas, tenham suas vivencias validadas e reconhecidas” afirma.
Entre as discussões no evento, está a divulgação da resolução 08/2022 do Conselho Federal de Psicologia (CFP), que estabelece regras de atuação para profissionais da Psicologia em relação às bissexualidades e demais orientações não-monossexuais
Confira a programação do projeto e como se inscrever
As atividades itinerantes acontecem entre os dias 25 de outubro e 6 de dezembro, nas sub sedes e sede do CRP de Santa Catarina. As inscrições estão disponíveis pelos links no nome de cada cidade.
- 25/10 — Joinville, rua Mário Lobo, 61 – sala 905/906, Centro, sub sede Sul do CRP, das 16h às 20h
- 08/11 — Criciúma, rua Henrique Lage, 267 – sala 201, Centro, sub sede Sul do CRP, das 16h às 20h
- 29/11 — Chapecó, avenida Porto Alegre, 427 – D, sala 802, no edifício Lazio Executivo, das 16h às 20h
- 06/12 — Florianópolis, rua Professor Bayer Filho, 11o, Coqueiros, sede do CRP, das 16h às 20h
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Avanços no cuidado à saúde mental da população LGBT+
Há 25 anos, em 1999, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) proibiu que os profissionais de psicologia tratassem a orientação sexual das pessoas LGBT+ como doença, por meio da resolução nº 01/99.
Em 2018, o CFP publicou a resolução 01/2018 para orientar a atuação profissional de psicólogos para que a travestilidade e a transexualidade não sejam consideradas doenças.
Mais recentemente, em 2022, foi publicada a resolução 08/2022, que estabelece regras de atuação para profissionais da Psicologia em relação às bissexualidades e demais orientações não-monossexuais.
Bissexuais sofrem preconceito dentro da comunidade, diz pesquisa
Uma pesquisa realizada pelo aplicativo de namoro queer “HER”, com mais de 2.000 participantes, revelou que 40% das pessoas bissexuais não se sentem aceitas pela própria comunidade LGBT+.
Outro dado apresentado pela pesquisa é o impacto desse preconceito na vida amorosa das pessoas bissexuais. Cerca de 27% dos entrevistados disseram que precisaram se assumir repetidamente dependendo da pessoa que estavam namorando, uma vez que sua sexualidade muitas vezes não é levada a sério.
Além disso, 28% das pessoas bissexuais relataram terem sido acusadas de serem mais propensas à traição, um estereótipo prejudicial que persiste, e que segundo a pesquisa é mais forte dentro da comunidade lésbica.
“A bifobia adoece, desampara e violenta as pessoas bissexuais, que passam a transitar num limbo cruel, pois muitas vezes não encontram espaço seguro sequer dentro das organizações ditas LGBTI+, causando isolamento, depressão, abuso de substâncias entorpecentes e maior vulnerabilidade”, destaca Ana Paula.
* Sob supervisão de Danilo Duarte