Os casos de Hepatite A registrados em Florianópolis nesse ano chegam a 113, valor que preocupa a Secretaria de Saúde de Florianópolis que detectou apenas 11 casos em todo o ano passado. Nesta sexta-feira (29), a Vigilância Epidemiológica da Capital emitiu um alerte sobre os casos de Hepatite A na cidade.
De acordo com a secretaria, a maioria dos casos de Hepatite A ocorre em função de contato via transmissão sexual, apesar de não ser a única forma de transmissão. Segundo a secretaria, isso é preocupante e exige atenção da população e da estrutura pública de saúde de Florianópolis.
O surto de Hepatite A de Florianópolis, em 2023, ocorre principalmente entre homens que fazem sexo com homens com provável relação com sexo anal-oral sem preservativos, conforme aponta a Vigilância Epidemiológica.
Porém, para a presidente do GAPA (Gupo de Apoio e Prevenção A AIDS) Florianópolis, Marília de Souza da Silveira, é preciso atenção para não estigmatizar essas pessoas.
“Nenhuma população está livre de contrair as hepatites e outras infecções, mas sabemos que algumas pessoas estão mais expostas pela forma que se relacionam com a própria sexualidade. É importante lembrar que essas pessoas são as que mais se testam também”, lembra a presidente do GAPA sobre a incidência das detecções.
Apesar dessa similaridade entre os casos de Hepatite A em Florianópolis, a doença não é transmitida apenas sexualmente. Segundo o Ministério da Saúde, a transmissão se dá também por interação fecal-oral (contato de fezes com a boca).
O vírus da Hepatite A tem boa estabilidade no meio ambiente e não morre em contato com o ar, como ocorre com o HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana). É por isso que pode contaminar alimentos ou água, como aponta a instrução do Ministério da Saúde.
Por isso, a principal indicação para evitar o contágio por Hepatite A é a higienização antes do consumo de alimentos e bebidas, ter acesso ao saneamento básico e manter higiene pessoal adequada.
No caso de pessoas que praticam sexo anal, a Vigilância Sanitária de Florianópolis indica:
- Evite o sexo oral em pênis que já foi introduzido no ânus sem higienização adequada.
- Higienize brinquedos eróticos antes e depois do uso.
- Use preservativo ou barreira de látex (dental dam) durante o sexo oral-anal.
Sintomas da Hepatite A
Os sintomas da Hepatite A costumam aparecer entre 13 e 50 das após infecção e duram em torno de dois meses. Inicialmente os sintomas podem ser fadiga, mal-estar, febre, dores musculares ou falta de apetite.
Em seguida, podem aparecer sintomas gastrointestinais como: enjoo, vômitos, dor abdominal, constipação ou diarreia. A pessoa infectada ainda pode ficar com pele e olhos amarelos.
Atualmente não há um tratamento específico para Hepatite A, segundo o Ministério da Saúde. O protocolo médico inclui a aplicação de medicamentos para melhorar o conforto do paciente e o balanço nutricional adequado, incluindo a reposição de fluidos perdidos pelos vômitos e diarreia.
Segundo a Secretaria de Saúde de Florianópolis, o corpo humano é capaz de eliminar o vírus sozinho, geralmente em um período de 2 a 6 semanas.
Vacina contra hepatite A
A vacina contra a Hepatite A é a maior forma de prevenção da doença, aponta o Ministério da Saúde. Desde 2014, faz parte do calendário de vacinas oferecidas pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e é aplicada gratuitamente para crianças e população vulnerável.
A vacina está disponível nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) para pessoas com as seguintes condições:
- Hepatopatias crônicas de qualquer etiologia, inclusive infecção crônica pelo HBV e/ou pelo HCV;
- Pessoas com coagulopatias, hemoglobinopatias, trissomias, doenças de depósito ou fibrose cística (mucoviscidose);
- Pessoas vivendo com HIV;
- Pessoas submetidas à terapia imunossupressora ou que vivem com doença imunodepressora;
- Candidatos a transplante de órgão sólido, cadastrados em programas de transplantes, ou transplantados de órgão sólido ou de células-tronco hematopoiéticas (medula óssea);
- Doadores de órgão sólido ou de células-tronco hematopoiéticas (medula óssea), cadastrados em programas de transplantes.
Contudo, a publicação da Vigilância Epidemiológica alerta a população de Florianópolis, especialmente adultos e adolescentes que não receberam a vacina justamente por ela não estar disponível em algum momento, para que procurem o serviço médico.
Para dúvidas, a prefeitura de Florianópolis disponibiliza o serviço de atendimento remoto: Alô Saúde Floripa, basta ligar no número 0800 333 3233. Não é recomendado automedicação, nem o consumo álcool, pois isso pode intensificar o avanço da doença.
Para aqueles que não se enquadram nos critérios acima, a opção é buscar pelo imunizante em farmácias e laboratórios privados. Conforme pesquisa realizada pelo Floripa.LGBT, a vacina está disponível na rede privada, com custo aproximado de R$ 159.
Medidas para conter casos
A Secretaria de Saúde de Florianópolis informa que a principal ação para conter os casos é conscientizar a população sob risco para a necessidade de adoção de práticas sexuais seguras.
Alternativamente, a pasta pretende contemplar a população sob risco na vacinação contra hepatite A. Neste momento aguarda a liberação pelo Ministério da Saúde.
Sob supervisão de Danilo Duarte