Ambulatório Trans de Florianópolis
Saúde

Falta de hormônios para pessoas trans em Florianópolis gera alerta

Conselho de Direitos LGBT de Florianópolis emitiu moção de alerta para o Conselho Municipal de Saúde: “apagão de hormônios”

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A falta de hormônios utilizados pela população trans de Florianópolis utilizados para hormonização cruzada no Ambulatório Trans da Capital e o baixo estoque de outros medicamentos gerou um alerta emitido pelo espaço de saúde que atende a comunidade LGBT em processo hormonal de transição. O alerta foi divulgado nesta terça-feira (19).

Ambulatório Trans de Florianópolis
Falta de hormônios no Ambulatório Trans de Florianópolis para pessoas em processo de hormonização gera alerta – Foto: PMF/Divulgação/Floripa.LGBT

De acordo com o Ambulatório Trans de Florianópolis, os medicamentos Valerato de Estradiol 2mg (Primogyna) e Estradiol gel 0,6mg/g (Oestrogel) estão em falta e não há previsão de retorno. Outro medicamento também utilizado pela população trans é o Undecilato de Testosterona 250mg/mL (Nebido), que está com estoque baixo.

Conforme o Ambulatório Trans, a previsão de duração do estoque é de até 2 meses, e também não há previsão de nova compra. O alerta foi feito na última segunda (18).

A falta de hormônios não afeta os estoques de outros dois medicamentos (Ciproterona 10mg e Espironolactona 100mg), que seguem sendo fornecidos normalmente.

Diante da falta de alguns hormônios e da possibilidade de escassez de outros, a orientação do Ambulatório Trans é que seja feito agendamento de consulta médica para analisar a possibilidade de troca do medicamento de forma segura.

O alerta de falta de hormônios rendeu muitas reações imediatas entre a comunidade LGBT de Florianópolis. “Como vou continuar as aplicações sendo que está um absurdo o valor da testosterona? Juro que não sei o que fazer”, perguntou uma das pessoas à publicação do Ambulatório Trans.

“A gente não pode ficar sem essas medicações, isso é absurdo”, comentou outra pessoa. “Que absurdo, tem pacientes que a medicação não pode mudar, devido a alto efeito colateral e danos irreversível a saúde”, alertou mais uma pessoa.

Com atendimento médio de 6 mil pessoas por ano, o Ambulatório Trans de Florianópolis, que funciona dentro da Policlínica do Centro, completou 8 anos em agosto. O local é o primeiro a atender a comunidade trans em Santa Catarina.

Conselho LGBT alerta sobre falta de hormônios para pessoas trans

Diante da falta de hormônios e da escassez de outros medicamentos nos estoques do Ambulatório Trans, o Conselho Municipal de Direitos LGBT emitiu um alerta para o Conselho Municipal de Saúde de Florianópolis.

No documento, divulgado nesta terça (19), classificou a situação como um “apagão de hormônios” na rede municipal de saúde, atingindo diretamente a população LGBTI+, notadamente a população trans e travesti.

“Manifestamos assim nossa apreensão com a falta dos medicamentos utilizados para hormonização cruzada no Ambulatório Trans de Florianópolis (pioneiro no Estado de Santa Catarina com mais de 400 atendimentos especializados por mês), representando um perigo para parte da população LGBTI+ que realiza seu tratamento e depende dessa medicação, além de um retrocesso social”, afirma o órgão.

No documento enviado ao Conselho Municipal de Saúde, o CMDLGBT lembra ainda que “com o fim da disponibilização de hormônios por meio da parceria da Secretaria de Saúde com a Fiocruz no projeto A Hora é Agora, a população trans de Florianópolis está desassistida.”

O Conselho Municipal LGBT de Florianópolis, o primeiro de Santa Catarina, vai além: “como parte da responsabilidade da Prefeitura para com a população LGBTI+, a Secretaria de Saúde não pode permitir o apagão de hormônios que desde setembro de 2022 vinham sendo disponibilizados de forma pioneira no município para uso da população trans.”

O Floripa.LGBT procurou a Secretaria Municipal de Saúde e questionou desde quando o órgão está ciente da falta de alguns hormônios e da escassez de outros, bem como qual é a programação de compra e reposição destes medicamentos. As informações não haviam sido respondidas até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto.

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