O presidente Donald Trump anunciou nesta segunda-feira (20), durante sua cerimônia de posse, que os Estados Unidos reconhecerá apenas os gêneros masculino e feminino. Essa posição representa uma mudança significativa em relação às políticas anteriores que reconheciam identidades de gênero não binárias.
Seu retorno a presidência foi acompanhada pela promessa de “deter a loucura transgênero”. Ele já havia declarado, em discursos anteriores, que pretende acabar com programas educacionais que ensinam sobre diversidade de gênero e barrar o acesso de jovens trans a cuidados de saúde especializados, como terapia hormonal.
Organizações de direitos humanos, como a Human Rights Campaign, alertam que essas políticas podem levar a um aumento da violência e discriminação contra pessoas trans, além de restringir o acesso a serviços básicos como educação, saúde e emprego.
Ameaças à comunidade trans e LGBTQIAP+
Durante seu primeiro mandato, Trump já havia tomado medidas que restringiam direitos das pessoas trans. Em 2017, seu governo revogou diretrizes implementadas por Barack Obama que permitiam a estudantes trans o uso de banheiros de acordo com sua identidade de gênero.
Além disso, em 2019, Trump proibiu pessoas trans de servirem nas Forças Armadas dos Estados Unidos, justificando a medida como uma questão de “eficiência militar”. Agora, em seu segundo mandato, Trump parece determinado a aprofundar as restrições.
Aproximação com figuras controversas
A posse de Trump contou com a presença de Elon Musk, CEO da Tesla e SpaceX, e Mark Zuckerberg, CEO da Meta, figuras que vêm se alinhando ao governo em questões polêmicas.
Musk foi flagrado fazendo gestos interpretados como saudações nazistas durante o evento, gerando indignação nas redes sociais. Mark Zuckerberg também tem enfrentado críticas devido a permissão de discursos de ódio em suas plataformas.
As novas diretrizes da Meta – empresa responsável pelo Instagram, Facebook e WhatsApp -, passam a permitir “acusações de anormalidade mental relacionadas a gênero ou orientação sexual, especialmente quando discutidas no contexto de debates religiosos ou políticos, como questões de ‘transgenderismo’ e homossexualidade”.
Além disso, gigantes da tecnologia como Amazon e Meta já anunciaram cortes em seus programas de diversidade, refletindo a atmosfera política atual.
Impacto na política e na sociedade
O discurso de posse de Trump também abordou a retirada dos EUA da Organização Mundial da Saúde (OMS), decisão que, segundo ele, busca “proteger o país de ideologias progressistas”.
Essa medida pode afetar diretamente políticas de saúde voltadas à população LGBTQIA+, como programas de combate ao HIV/AIDS e iniciativas de saúde mental para pessoas trans.
Reações e mobilização
Diversos grupos e organizações estão se mobilizando contra as políticas anunciadas por Trump. A American Civil Liberties Union (ACLU) já declarou que irá contestar judicialmente qualquer tentativa de restringir os direitos das pessoas trans.
Além disso, nos últimos dias ocorreram protestos organizados em cidades como Nova York, São Francisco e Washington, onde ativistas defendem a manutenção dos avanços conquistados nos últimos anos.
Líderes de países europeus manifestaram preocupação com o impacto das novas políticas sobre a segurança e bem-estar da população LGBTQIA+ nos Estados Unidos.
O primeiro-ministro francês, François Bayrou, alertou que os planos “incrivelmente dominadores” de Trump poderiam ameaçar tanto a França quanto a Europa, enfatizando a necessidade de uma resposta conjunta dos europeus para enfrentar essas políticas.
* Sob supervisão de Danilo Duarte