O carnaval de rua de Florianópolis pode passar por mudanças a partir de 2025. A criação de 12 arenas espalhadas pela cidade, proposta no novo edital da Prefeitura, tem gerado debates entre os blocos e o poder público. Para discutir o assunto, representantes dos blocos, vereadores e o secretário de Turismo, Juliano Richter, se reuniram nesta quinta-feira (6) na Câmara Municipal.
A ideia da prefeitura é descentralizar a festa e melhorar a mobilidade urbana, mas os blocos temem que as novas regras afetem a dinâmica tradicional do carnaval.
A expectativa é que Florianópolis receba cerca de 3 milhões de foliões em 2025. Segundo Juliano Richter, a intenção da Prefeitura é garantir que a festa chegue a diferentes comunidades, oferecendo melhor estrutura para os foliões.
“As arenas estarão distribuídas por toda a cidade, com uma grande estrutura para que o público aproveite ao máximo o carnaval. Qualquer pessoa poderá participar gratuitamente, e os blocos poderão utilizar esse espaço. O modelo mantém a liberdade dos blocos, e a prefeitura seguirá apoiando a organização dos desfiles e festejos”, afirmou o secretário.
A reunião foi convocada pelo vereador Diácono Ricardo, líder do governo na Câmara, após reclamações sobre restrições impostas pelo edital, como a proibição de ações de marketing de guerrilha num raio de 1 km das arenas.
“A conversa foi muito produtiva. O diálogo entre a prefeitura, a Câmara e os blocos permitiu avanços, e a prefeitura se comprometeu a revisar esse limite de um quilômetro. Na próxima semana, devemos ter novidades”, disse Diácono Ricardo.
Blocos de Carnaval de rua demonstraram preocupação
Durante o encontro, representantes de uma coletiva que reúne mais de 40 blocos expressaram preocupações sobre o impacto das arenas na dinâmica tradicional do carnaval de rua.
“O leilão de concessão de espaços públicos gerou apreensão entre os blocos, que temem a privatização de locais historicamente ocupados pela folia. Muitas arenas estão sendo instaladas em áreas já utilizadas pelos blocos, o que pode comprometer desde os trajetos dos desfiles até as formas de financiamento. Esse raio de restrição pode inviabilizar o modelo atual do nosso carnaval”, afirmou Gabriela Miranda, representante do Coletivo dos Blocos de Rua de Florianópolis.
Como encaminhamento, foi criado um grupo de trabalho composto por vereadores e representantes dos blocos para revisar o edital e buscar soluções que conciliem os interesses de todas as partes. Segundo a vereadora Carla Ayres, três pontos principais serão discutidos:
- Redução do raio de restrição – Ajustes para minimizar os impactos sobre os blocos que desfilam próximos às arenas.
- Revisão da exigência de logomarca nos abadás – O edital prevê que blocos apoiados pela prefeitura estampem o logo do município, o que gerou questionamentos. A ideia é buscar outras formas de reconhecimento.
- Prazo para retirada de alvarás – O tempo entre o lançamento do edital e a obtenção das autorizações está desalinhado com a burocracia, o que pode prejudicar a organização dos blocos.
Além dos vereadores diretamente envolvidos na discussão, também participaram do encontro Renato da Farmácia, Bericó e João Padilha. A revisão do edital deve ser debatida nas próximas semanas.
