A candidata a vereadora pelo PT em Florianópolis Carla Ayres respondeu quatro perguntas enviadas pelo Floripa.LGBT sobre sua candidatura e propostas voltadas a comunidade. A entrevista de Carla Ayres faz parte de uma sequência de matérias com entrevistas aos candidatos LGBT+ da Grande Florianópolis. Confira as respostas da candidatura abaixo.
De forma resumida quem é você?
“Sou uma mulher que há duas décadas milita na pauta LGBTI+ e, como doutora em Sociologia Política, entendo a importância da política na construção de um país mais justo e civilizado, onde as pessoas sejam respeitadas e protegidas pelo Estado, independente de sua orientação sexual ou identidade de gênero.
Atualmente estou como deputada federal suplente, mas retorno à Câmara Municipal em outubro, onde pretendo concluir um mandato que se notabilizou pela defesa intransigente dos direitos da população LGBTI+.
Um exemplo disso, foi termos sido convidadas a participar do VI Encontro de Liderança Política LGBTI+ das Américas e o Caribe. Tive a honra de ser a única representante de Santa Catarina no evento que, entre outros encaminhamentos, resultou numa articulação histórica onde criamos a Primeira Bancada LGBTI+ Brasileira“.
O que Florianópolis precisa para ser uma cidade mais acolhedora à comunidade LGBT?
“Precisamos, sobretudo, que as nossas pautas passem a ser encaradas com seriedade e comprometimento por parte do Executivo Municipal. Lamentavelmente, o que temos visto nos últimos anos são acenos vazios, que não resultam efetivamente na implementação de políticas públicas. Nem mesmo das que aprovamos no Legislativo e que têm força de lei.
E o flerte do atual prefeito com a extrema direita coloca em risco as poucas políticas públicas que temos atualmente e também a vida da nossa população, vide as Violências recentes contra LGBTI+ na Galheta e no Centro da cidade.
Infelizmente, a Prefeitura Municipal não tem destinado recursos do seu orçamento para implementar políticas públicas mais amplas em defesa da nossa população.
Dizem que Floripa é uma cidade aberta à população LGBTI+, mas apenas às pessoas que podem pagar por isso. As pessoas de baixa renda enfrentam uma série de dificuldades no acesso à direitos básicos como saúde, educação e lazer”.
Como você, enquanto liderança política LGBT+, vê as políticas públicas para a comunidade na cidade?
“Muito do que existe hoje em Florianópolis é resultado de investimentos federais, que asseguram minimamente um atendimento digno à população LGBTI+ da nossa cidade.
Quando analisamos iniciativas municipais, vemos que foram conquistas resultantes de muita luta dos movimentos sociais e também de pessoas comprometidas com essa população, tal qual temos feito na Câmara Municipal.
Um exemplo disso é a questão da assistência social. O quarto reservado à população LGBTI+ na Passarela da Cidadania foi uma conquista que se deu através de muita luta e cobrança.
Assim também foi com o ambulatório trans da nossa cidade. Ainda há muito que se avançar na garantia dos nossos direitos. O projeto que cria a Política Municipal de Acolhimento à População LGBTI+ em situação de rua e/ou vulnerabilidade, que aprovamos na Câmara Municipal e se tornou lei na nossa cidade, ainda não foi implementado pela Prefeitura”.
Se eleita for, quais serão as suas prioridades de mandato?
“A pauta LGBTI+ sem dúvidas será uma de minhas prioridades, seja na cobrança para que a nossa lei de acolhimento às pessoas LGBTI+ em situação de rua e/ou vulnerabilidade saia do papel, como também na articulação para que todos os demais projetos que apresentamos em defesa da nossa população LGBTI+ sejam aprovados pelo Plenário.
Um exemplo disso é o nosso projeto de empregabilidade para pessoas trans, que determina que empresas que prestem serviços para a Prefeitura de Florianópolis tenham um mínimo de 2% das vagas reservadas às pessoas trans.
Outro projeto que precisamos aprovar é a Lei Luana Barbosa que estabelece o 13 de abril como Dia Municipal de Enfrentamento ao Lesbocídio.
Enquanto deputada federal, apresentei o projeto de lei 3.100/2024, que trata da desmedicalização e proíbe cirurgias estéticas em crianças intersexo ou com genital indiferenciada ou atípica. Este é um projeto que muito me orgulha e que, enquanto vereadora pretendo continuar e articulando pela sua aprovação”.
Sobre as entrevistas aos candidatos LGBT+
Para a realização das entrevistas foram mapeadas as candidaturas LGBT+ com o cruzamento dos dados da plataforma de divulgação de candidaturas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). E entrou-se em contato com cada um dos candidatos mapeados, fazendo as mesmas perguntas à todas e estimulando que participassem das entrevistas.
“Com essa abordagem, nossa proposta é continuar dando visibilidade para a comunidade e mostrando que nós estamos disputando esses espaços. Além de evidenciar para as lideranças e pessoas que fazem acontecer dentro da comunidade, que elas também podem disputar uma vaga no parlamento”, afirma o editor-chefe do Floripa.LGBT Danilo Duarte.