Um ato deve reunir centenas de pessoas neste domingo de Carnaval (11), a partir das 16h30, no final da Praia da Galheta, em Florianópolis. A manifestação acontece em defesa da prática do nudismo e do naturismo na região, que historicamente recebe adeptos há décadas, apesar da proibição desde 2016.
Ponto de naturismo há cerca de 50 anos, a Galheta vem sendo alvo de manifestações de LGBTfobia e violência, além do interesse de alguns setores em acabar com a prática de nudismo na área.
Apesar da proibição, nenhuma campanha educativa foi realizada pela Prefeitura desde então. Além disso, os relatos de agressão ocorrem sistematicamente, embora a Polícia Militar ainda não tenha divulgado qualquer balanço ou registro de segurança.
Um dos motivos para a falta de registros policiais, de acordo com vítimas e frequentadores da Praia da Galheta, é a exigência para identificação dos apontados como agressores no momento do registro online da ocorrência.
No entanto, as vítimas apontam que o registro dessa forma é impossível, dada a maneira com que acontecem esses casos – o que inclui até pessoas com rostos cobertos, à espreita de frequentadores, como apontam relatos obtidos pelo portal Floripa.LGBT. Para registrar o boletim sem nome dos agressores, é preciso que a vítima vá até uma delegacia de polícia.
De acordo com as duas entidades que estão organizando o ato, a AGAL (Associação Amigos da Galheta) e Acontece Arte e Política LGBTI+, há duas bandeiras importantes no ato desde domingo na Praia da Galheta: pela permanência do naturismo e em protesto contra os casos de violência, homofobia e assédio ocorridos na praia.
Os casos de violência na Praia da Galheta, inclusive contra pessoas LGBTI+, que incluem ainda perseguição, espancamento e a instalação de placas sem autorização da Prefeitura de Florianópolis foram relatados com exclusividade pelo portal Floripa.LGBT.
O tema ganhou repercussão nacionalmente em poucos instantes, colocando a prática do nudismo na Galheta e a perseguição e violência em evidência em veículos de comunicação e nas redes sociais.
Além do protesto, está previsto o registro de imagens do ato, reforçando a defesa pela prática na Praia da Galheta.
Na última sexta-feira (9), frequentadores da Praia da Galheta instalaram placas de orientação sobre as regras para a prática do nudismo na região.
Já as placas colocadas irregularmente já começaram a ser retiradas, após as denúncias do Floripa.LGBT.
Discussão sobre nudismo na Praia da Galheta
Na semana passada, uma reunião discutiu as normas para uso da Unidade de Conservação Municipal em que está localizada a Praia da Galheta. Para fixar essas normas, um Plano de Manejo está em debate.
De acordo com participantes da reunião, a prática do nudismo já estaria em análise pela Prefeitura, com a inclusão do tema no Plano de Manejo, o que ainda precisará ser analisado e aprovado pelo conselho que fiscaliza a Unidade de Conservação.