Adaptação de ‘Vermelho, Branco e Sangue Azul’ explora o medo de assumir uma relação LGBTQIA+
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Adaptação de ‘Vermelho, Branco e Sangue Azul’ explora o medo de assumir uma relação LGBTQIA+

Filme estreou no Prime Video nesta sexta-feira (11) e traz romance LGBT entre o filho da presidente dos Estados Unidos e um príncipe britânico

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Por Gustavo Bruning, especial para o Floripa.LGBT

É difícil sair de uma semana tomada pela ressaca emocional de ter assistido à segunda temporada da série “Heartstopper” e ver o recém-lançado filme “Vermelho, Branco e Sangue Azul”. Isso porque é inevitável comparar as duas obras, que surfam na mesma onda de adaptações de romances LGBTQIA+.

Adaptação de ‘Vermelho, Branco e Sangue Azul’ explora o medo de assumir uma relação LGBTQIA+
Henry (Nicholas Galitzine) e Alex (Taylor Zakhar Perez) protagonizam Vermelho, Branco e Sangue Azul (Foto: Prime Video/Divulgação)

Os dois livros são frequentemente colocados lado a lado nas livrarias, trazem uma dupla de personagens que pertencem a contextos sociais distintos e abordam questões como autoaceitação e o olhar externo em relação à sexualidade.

Baseado no livro de Casey McQuiston, lançado em 2019, “Vermelho, Branco e Sangue Azul” chegou à plataforma de streaming Prime Video nesta sexta-feira (11). Adaptado como longa-metragem, mostra o desenrolar do relacionamento entre Alex (Taylor Zakhar Perez), o filho da presidente dos Estados Unidos, e o príncipe britânico Henry (Nicholas Galitzine). Da inimizade entre os dois, a trama passa pelos obstáculos de um vínculo que perpetua mesmo com um oceano os separando.

Adaptação de ‘Vermelho, Branco e Sangue Azul’ explora o medo de assumir uma relação LGBTQIA+
Uma Thurman estrela uma das cenas mais confortantes do filme (Foto: Prime Video/Divulgação)

Enquanto a segunda temporada de “Heartstopper” mergulha nos estágios iniciais de uma ligação especial entre dois adolescentes, tomada pela incerteza e deslumbramento característico de um primeiro grande amor, “Vermelho, Branco e Sangue Azul” chega com um outro olhar. Aqui os personagens são mais maduros, na faixa dos 20 anos, e já estão mais certos das pressões e dos papéis que o mundo real os coloca para exercer. Ainda assim, é a irreverência da juventude que dá o tom para o lado cômico do filme.

Relacionamento homoafetivo diante da mídia

Sendo uma história sobre duas figuras públicas, o longa aproveita para investir no impacto midiático de um relacionamento não-heterossexual. Da análise alheia sobre a vida pessoal dos protagonistas ao vazamento de e-mails íntimos, a interferência da mídia intensifica os problemas entre Alex e Henry. Enquanto um está à vontade com a bissexualidade, outro teme revelar que é gay para a família e, consequentemente, para o mundo.

Adaptação de ‘Vermelho, Branco e Sangue Azul’ explora o medo de assumir uma relação LGBTQIA+
“Vermelho, Branco e Sangue Azul” está disponível no Prime Video (Foto: Prime Video/Divulgação)

O recorte grandioso, de duas figuras monitoradas 24 horas por dia e reconhecidas aonde vão, somado ao ritmo acelerado que a adaptação exige, dificulta a proximidade entre personagens e espectador. Enquanto as dinâmicas de “Heartstopper” têm mais tempo para amadurecer e são envoltas de um tom esperançoso, que atravessa a ficção, no longa dirigido por Matthew López vemos um mundo mais cruel e realista. Não há muito tempo para ficarmos à vontade com Alex e Henry, mas, de algum modo, a resolução do casal funciona no cenário proposto.

Um dos destaques fica para Uma Thurman, no papel da presidente norte-americana Ellen Claremont. A cena em que ela recebe a notícia de que o filho não é heterossexual é simpática e confortante. Já as reações de Zahra (Sarah Shahi), a vice-chefe de gabinete, são de gargalhar e um dos pontos altos do filme.

As reflexões de “Vermelho, Branco e Sangue Azul”

“Vermelho, Branco e Sangue Azul” não é, no entanto, uma história banhada na representação LGBTQIA+. O romance entre os protagonistas é a raiz da história, mas é a repercussão externa sobre isso que toma uma proporção maior. De alguma maneira, é possível associar essa questão ao receio de assumir um primeiro relacionamento não heterossexual.

Adaptação de ‘Vermelho, Branco e Sangue Azul’ explora o medo de assumir uma relação LGBTQIA+
“Vermelho, Branco e Sangue Azul” é uma adaptação do livro de Casey McQuiston (Foto: Prime Video/Divulgação)

Mesmo não explorando a amplitude de uma história protagonizada por personagens LGBTQIA+, é possível refletir sobre as diferentes formas de lidar com as dificuldades. Henry vive suas “fases de casulo”, na qual se afasta de todos em momentos introspectivos.

Já Alex lida com a pressão que coloca nele mesmo, diante de possíveis consequências do seu relacionamento na reeleição da mãe. São elementos facilmente traduzidos para qualquer universo.

Há algo ainda mais positivo, porém, que podemos tirar da adaptação. É impossível efetivamente conhecer alguém com quem tivemos pouquíssimo contato. Traçar um perfil a partir de recortes alheios e fazer suposições, com base em poucas palavras, são erros infelizes. Fora isso, a ideia que desenvolvemos sobre o outro nunca representa exatamente o que ele realmente é.

Assista o trailer de Vermelho, Branco e Sangue Azul:

 

LEGENDAS FOTOS: 1

Henry (Nicholas Galitzine) e Alex (Taylor Zakhar Perez)
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“Vermelho, Branco e Sangue Azul” é uma adaptação do livro de Casey McQuiston
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Uma Thurman estrela uma das cenas mais confortantes do filme
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“Vermelho, Branco e Sangue Azul” está disponível no Prime Video

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