Antigamente comentado por baixo de panos, o ‘lavender marriage atualmente tem ganhado outro uso – Foto: Getty Images/Divulgação/Floripa.LGBT
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O que é ‘Lavender Marriage’ e por que o conceito está sendo resgatado?

Antes usado para esconder relações LGBT+ em Hollywood, o ‘lavender marriage’ ou “casamento lilás” ganha nova conceito a partir das redes

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O ‘Lavender Marriage’, ou o “casamento lavanda/lilás/violeta” é um termo que existe pelo menos desde os anos XX. Popularizado durante a época da antiga Hollywood, o termo tem sido atualizado pela geração Z nos últimos meses.

Antigamente comentado por baixo de panos, o ‘lavender marriage atualmente tem ganhado outro uso – Foto: Getty Images/Divulgação/Floripa.LGBT
Antigamente comentado por baixo de panos, o ‘lavender marriage atualmente tem ganhado outro uso – Foto: Getty Images/Divulgação/Floripa.LGBT

No contexto histórico, e original, o ‘lavender marriage’ era o nome utilizado para se referir a casamentos teoricamente heterossexuais, mas em que algum dos cônjuges era secretamente membro da comunidade LGBT+.

A ideia surgiu como forma de esconder os verdadeiros “amores” de estrelas famosas de Hollywood, sem afetar suas carreiras.

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Segundo a History, atores e atrizes de cinema passavam por fortes pressões em “cláusulas de moralidade” impostas pela Universal Film Company, o que gerava pressão em manter belos e duradouros casamentos heteronormativos entre estrelas.

O lavender marriage se tornou então uma opção “viável” para esconder relações homoafetivas. A longo prazo problemas e inseguranças surgiam, como informações vazadas e a descoberta do romance falso. Durante a época de ouro algumas agências até propunham a ideia do casamento.

Muitas estrelas de cinema antigamente precisavam esconder seus relacionamentos com pessoas do mesmo sexo para não afetar em suas carreiras (Na foto: Cary Grant e Virginia Cherrill) – Foto: Divulgação/Floripa.LGBT
Muitas estrelas de cinema antigamente precisavam esconder seus relacionamentos com pessoas do mesmo sexo para não afetar em suas carreiras (Na foto: Cary Grant e Virginia Cherrill) – Foto: Divulgação/Floripa.LGBT

Existem vários exemplos e especulações desse tipo de relação ao longo dos anos, mas um grande exemplo de resistência foi o astro William Haines. O ator de Hollywood foi um dos exemplos que resistiu às pressões, e na década de 1930, abandonou a carreira para viver com o então namorado, Jimmie Shields.

A ideia de participar de um casamento lavanda se manteve até o final dos anos 60 e 70, deixando de ser “popular” a partir das frequentes manifestações e protestos de Stonewall. Foi só em 1998 que o ex-presidente Bill Clinton assinou um decreto que proibia a discriminação com base na orientação sexual.

O ‘lavender marriage’ repensado

A ideia de um ‘lavender marriage’ atualmente não se encaixa tão bem, apesar de ainda existir. Leis e direitos humanos ainda não permitem a união matrimonial de casais LGBT+ em todos os países, mas tem se tornado mais comum.

A geração Z, pessoas nascidas entre 1990 e 2010, se apropriaram do termo e têm feito alterações nos conceitos. Hoje a relação entre pessoas LGBT+ e heterossexuais ainda se encaixam no termo, mas o casamento lilás tem sido apresentado como forma de juntar pessoas para dividir os custos da vida.

Esse tipo de matrimônio ficou em alta no Tiktok durante o início do ano, quando jovens heterossexuais se “candidatavam” para casamentos apenas para dividir despesas, pagar aluguel e viajar. Um casamento de fachada com benefícios em conjunto.

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A ideia surgiu por conta dos altos preços e despesas que morar sozinho podem trazer. O ‘lavender marriage’ pode existir sem relações sexuais ou amorosas, mas sim como a junção de pessoas em uma amizade para custear a vida como adulto.

O casamento arranjado, porém, ainda traz problemas. Não deixa de ser um casamento, então precisam de documentos assinados e cerimônias.

Um dos problemas apontados por psicólogos é o desenvolvimento de sentimentos de amor em parte de uma pessoa, e a outra não. Relações como o ‘lavender marriage’ assim como qualquer outra precisa ter como base a conversa e a decisão de acordos.

* Sob supervisão de Danilo Duarte

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