O ‘Lavender Marriage’, ou o “casamento lavanda/lilás/violeta” é um termo que existe pelo menos desde os anos XX. Popularizado durante a época da antiga Hollywood, o termo tem sido atualizado pela geração Z nos últimos meses.

No contexto histórico, e original, o ‘lavender marriage’ era o nome utilizado para se referir a casamentos teoricamente heterossexuais, mas em que algum dos cônjuges era secretamente membro da comunidade LGBT+.
A ideia surgiu como forma de esconder os verdadeiros “amores” de estrelas famosas de Hollywood, sem afetar suas carreiras.
Segundo a History, atores e atrizes de cinema passavam por fortes pressões em “cláusulas de moralidade” impostas pela Universal Film Company, o que gerava pressão em manter belos e duradouros casamentos heteronormativos entre estrelas.
O lavender marriage se tornou então uma opção “viável” para esconder relações homoafetivas. A longo prazo problemas e inseguranças surgiam, como informações vazadas e a descoberta do romance falso. Durante a época de ouro algumas agências até propunham a ideia do casamento.

Existem vários exemplos e especulações desse tipo de relação ao longo dos anos, mas um grande exemplo de resistência foi o astro William Haines. O ator de Hollywood foi um dos exemplos que resistiu às pressões, e na década de 1930, abandonou a carreira para viver com o então namorado, Jimmie Shields.
A ideia de participar de um casamento lavanda se manteve até o final dos anos 60 e 70, deixando de ser “popular” a partir das frequentes manifestações e protestos de Stonewall. Foi só em 1998 que o ex-presidente Bill Clinton assinou um decreto que proibia a discriminação com base na orientação sexual.
O ‘lavender marriage’ repensado
A ideia de um ‘lavender marriage’ atualmente não se encaixa tão bem, apesar de ainda existir. Leis e direitos humanos ainda não permitem a união matrimonial de casais LGBT+ em todos os países, mas tem se tornado mais comum.
A geração Z, pessoas nascidas entre 1990 e 2010, se apropriaram do termo e têm feito alterações nos conceitos. Hoje a relação entre pessoas LGBT+ e heterossexuais ainda se encaixam no termo, mas o casamento lilás tem sido apresentado como forma de juntar pessoas para dividir os custos da vida.
Esse tipo de matrimônio ficou em alta no Tiktok durante o início do ano, quando jovens heterossexuais se “candidatavam” para casamentos apenas para dividir despesas, pagar aluguel e viajar. Um casamento de fachada com benefícios em conjunto.
@robbiesmoonmusic serious inquiries only! #genz #lavendermarriage #queer #broke ♬ original sound – robbie scott
A ideia surgiu por conta dos altos preços e despesas que morar sozinho podem trazer. O ‘lavender marriage’ pode existir sem relações sexuais ou amorosas, mas sim como a junção de pessoas em uma amizade para custear a vida como adulto.
O casamento arranjado, porém, ainda traz problemas. Não deixa de ser um casamento, então precisam de documentos assinados e cerimônias.
Um dos problemas apontados por psicólogos é o desenvolvimento de sentimentos de amor em parte de uma pessoa, e a outra não. Relações como o ‘lavender marriage’ assim como qualquer outra precisa ter como base a conversa e a decisão de acordos.
* Sob supervisão de Danilo Duarte