Apesar da população LGBTQIAPN+ representar 12% da população brasileira segundo o IBGE, a pesquisa “Percepções sobre a comunidade LGBTQIA+”, realizada pela consultoria iO Diversidade e pelo Instituto Locomotiva, revelam que ainda há muito a se avançar na compreensão sobre diversidade. Divulgada em junho, a pesquisa revela que o 45% da população ignora o que seja uma pessoa trans, enquanto dois a cada 10 brasileiros ainda acredita que a homossexualidade é doença.
Quando o tema é diversidade no mercado de trabalho, a situação fica um pouco mais complexa. Em Santa Catarina, por exemplo, não há empresas na área de Recursos Humanos ou seleção de profissionais que levante a bandeira LGBT na hora de contratar uma pessoa para uma vaga de emprego.
No entanto, algumas iniciativas começam a ser percebidas, como a mudança no anúncio de oportunidades de trabalho, trocando o gênero masculino por “pessoa” em anúncios feitos na rede social corporativa LinkedIn. É o caso da empresa de tecnologia RD Station (antiga Resultados Digitais) ou da Fundação CERTI.
O maior balcão de empregos do Estado é o Sine, com escritórios em praticamente todas as cidades de médio e grande porte de Santa Catarina, não conta com vagas afirmativas ou inclusivas para a comunidade LGBTI+.
Fora das terras catarinense, a diversidade vem ganhando espaço. A Blend Edu, uma startup especialista em inovação para diversidade, realizou um estudo no meio corporativo e revelou um salto de 64% em 2020 para 71% em 2o22 no número de organizações que possuem um setor dedicado à gestão e diversidade de gênero.
Este aumento, embora ainda não seja tão expressivo, impacta positivamente no crescimento do pilar e de inclusão de pessoas LGBTQIA+ entre as empresas brasileiras. O número das companhias que abordam ativamente as questões relacionadas à diversidade sexual e de gênero saltou de 68% no estudo anterior para 86% no mais recente.
Já o site Vagas.com, mostra que as oportunidades de emprego com foco em diversidade de gênero e grupos de pessoas negras, mulheres, PcD ou LGBTQIA+ cresceram em 33% em 2022.
As vagas existem, mas a inclusão é distante: o preconceito e a porta fechada ainda é imposta por 38% das empresas nacionais no momento da contratação de pessoas homossexuais, é o que aponta a pesquisa “Demitindo Preconceitos” realizada pela Santos Caos em 14 estados brasileiros.
Profissionais LGBTQIA+ não se sentem seguros
Chega a 61% o percentual de profissionais LGBTQIA+ que não se sentem seguros para assumirem a sua orientação sexual ou de identidade de gênero devido às restrições impostas pelas culturas das empresas ou cuidados com a imagem junto à comunidade heteronormativa. Isto é o que apontam as Associação Brasileira de Recursos Humanos, a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), o Center for Talent Innovation e a Consultoria Santo Caos.
“Aos poucos a gente percebe uma mudança na mentalidade de empresários, recrutadores e da sociedade civil em relação a tantos preconceitos, e são neles que habitam os vieses inconscientes, as interpretações prévias sobre o indivíduo quando é informado gênero, raça, cor, etnia, orientação sexual, entre outras características mais pessoais.”, defende Cammila Yochabell, CEO da Jobecam, uma plataforma de recrutamento com recursos para aumentar em cerca de 70% a diversidade nas contratações.
“Acredito que contar com um time diverso agrega em todos os aspectos do trabalho, desde criatividade até o crescimento profissional e pessoal, vejo essa inclusão como pilar essencial para um profissional de liderança” diz, por sua vez, Daniel Poli, Gerente de Sustentabilidade, Diversidade e Responsabilidade Social na Cielo.