Ministra Nancy Andrighi afirma a importância do reconhecimento do gênero neutro – Foto: Emerson Leal/STJ/Divulgação/Floripa.LGBT
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STJ autoriza mudança para gênero neutro em registro civil pela 1ª vez

Por unanimidade, STJ autorizou registro do gênero neutro em documento de identificação no Brasil

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A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) aprovou pela primeira vez, na última terça-feira (6), a mudança em registro civil para constar o gênero neutro na certidão de nascimento. A decisão foi aprovada em caso isolado, mas pode marcar avanço em lutas por reconhecimento de gêneros não binários no Brasil.

Ministra Nancy Andrighi afirma a importância do reconhecimento do gênero neutro – Foto: Emerson Leal/STJ/Divulgação/Floripa.LGBT
Ministra Nancy Andrighi afirma a importância do reconhecimento do gênero neutro – Foto: Emerson Leal/STJ/Divulgação/Floripa.LGBT

O julgamento envolve o caso de uma pessoa que, após cirurgias e tratamentos hormonais, não se adequou ao gênero escolhido antes dos procedimentos. Não se adaptando com o masculino e o feminino, recorreu à justiça para o reconhecimento de gênero neutro em documentação.

A ministra do STJ, Nancy Andrighi, relatora responsável pelo caso, afirmou que após pesquisas sobre o tema, o mais justo seria a correção do registro civil.

“A questão é muito dramática. No meu modo de ver, esse ser humano deve estar sofrendo muito. Sofrer cirurgia, tomar hormônios, converter-se naquilo que imaginava que seria bom para ela deu conta que não era também aquilo”, afirma.

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Apesar de ser o primeiro registro em gênero neutro em documento de identificação, o processo se encontra em segredo de Justiça.

Por enquanto, a decisão é válida apenas para o caso específico analisado e aprovado pelo colegiado, porém, pode ser uma base para a construção de uma jurisprudência futura que defenda a temática.

A importância do primeiro registro civil em gênero neutro

O Brasil, atualmente, não possui legislação que faça o reconhecimento do gênero neutro em documentações de registro civil. O primeiro registro em gênero neutro entra como caminho que pode ser seguido em futuras decisões na Justiça.

STJ segue direito já chancelado pelo STF durante julgamento do primeiro registro em gênero neutro – Foto: Marcello Casal/Agência Brasil/Divulgação/Floripa.LGBT
STJ segue direito já chancelado pelo STF durante julgamento do primeiro registro civil em gênero neutro – Foto: Marcello Casal/Agência Brasil/Divulgação/Floripa.LGBT

De acordo com a ministra Daniela Teixeira, o reconhecimento da neutralidade de gênero em registro civil é reconhecer também pessoas.

“É o famoso direito à felicidade já chancelado pelo STF quando julgou a questão da união homoafetiva. A pessoa trans precisa e merece ser protegida pela sociedade e pelo Judiciário, é dar o direito à autoidentificação, é garantir o mínimo de segurança que pessoas binárias têm desde o nascimento”, afirmou a ministra.

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