A Academia Brasileira de Cinema divulgou a lista dos seis filmes de longa-metragem escolhidos para concorrer a vaga de Melhor Filme Internacional na 97° Premiação do Oscar. Entre os selecionados estão três filmes que de alguma forma tocam em temáticas LGBTQIA+. Veja abaixo quais foram as obras selecionadas.
Cidade; Campo
Dirigido por Juliana Rojas, que é um expoente do terror e suspense brasileiro contemporâneo, ‘Cidade; Campo’ foi premiado no Festival de Berlim em Melhor Direção na seção Encounters – criada para fomentar trabalhos ousados de cineastas independentes e inovadores – e é um dos trabalhos mais recentes da diretora.
O filme apresenta duas histórias de migração entre a cidade e o campo. A primeira acompanha Joana, uma trabalhadora rural que após o rompimento de uma barragem inundar sua terra natal, ela se muda para São Paulo para encontrar sua irmã Tânia, que mora com o neto Jaime.
Já a segunda história acompanha o casal Flávia e Mara, que se mudam para a casa que Flávia herdou do pai após seu recente falecimento. No entanto, as duas mulheres começam a enfrentar lá algumas frustações e lidar com memórias e fantasmas.
Recentemente, o filme saiu em alguns sites de notícia por declaração da atriz Bruna Linzmayer, na qual afirmou que o filme vai ter uma das cenas de amor e sexo entre mulheres mais ousadas já feitas.
Além disso, a atriz ressaltou o fato de ter se sentindo muito segura e confortável em gravar uma cena de sexo comandada e pensada por mulheres.
“Pensamos sobre cada uma dessas posições, cada uma dessas imagens que a gente estava produzindo. O que significa duas mulheres transando no audiovisual e também dessas diferenças entre corpos, como o meu e da Mirela. Diferença de cor, diferença de tamanho, o que já tinha sido produzido no audiovisual em relação a essas imagens e o que a gente tinha oportunidade de construir ali juntas”, afirmou a atriz em publicação nas redes sociais.
Levante
Visto pela crítica como um “manifesto da sororidade queer”, “Levante” é o primeiro longa-metragem dirigido por Lillah Halla e acompanha Sofia, jogadora de vôlei que descobre estar grávida e para não interromper sua carreira em ascensão, resolve viajar ao Uruguai para fazer um aborto, onde o procedimento é legalizado. No entanto, na tentativa de interromper a gravidez, ela acaba virando alvo de um grupo fundamentalista decidido a detê-la.
O filme, não só toca na temática do aborto, como também busca retratar a diversidade de vivências da juventude LGBTQ+. Já que o time de vôlei que Sofia faz parte é composto por mulheres e pessoas trans, que formam sua família e círculo de apoio.
Entre as pessoas que estão apoiando Sofia no processo estão Bel, personagem não-binário interpretado por Loro Bardot, que é parceire romântique da protagonista; Nicolle, capitã do time de vôlei e travesti, interpretada por Onna Silva; e Ciano, que é um homem trans que também faz parte da equipe e é interpretado por Lore Motta.
O longa foi premiado no Festival de Cannes como melhor filme das Seções Paralelas na premiação da Fipresci (Federação Internacional dos Críticos).
Sem Coração
Já falamos de “Sem Coração” aqui no Floripa.LGBT quando fizemos uma lista de 5 filmes lésbicos dirigidos por mulheres antes mesmo de ser divulgada sua presença entre os seis finalistas para a pré-seleção do Oscar.
Dirigido por Nara Normande e Tião, a trama acompanha Tamara (Maya de Vicq) no seu último dia de verão com os seus amigos em Alagoas, antes de se mudar para Brasília. Assim, tratando com extrema sensibilidade as diferentes vivências de um grupo de adolescentes que são de origens sociais distintas.
No meio disso, a garota se interessa por uma adolescente apelidada de “Sem Coração” – por causa de uma cicatriz que tem no peito – e começa a sentir atração por essa menina misteriosa.
O filme, então, narra o despertar da sexualidade LBTQIA+ com nostalgia e melancolia, com a captura da alegria e tristeza por um momento da vida que acabou.
O filme também é co-roteirzado por Nara Normanda e Tião e está disponível para assistir na Netflix.
Retrospecto do Brasil no Oscar
Vale lembrar que apesar de ter produzido grandes obras recentes como “Bacurau” (2019) e “A Vida Invisível” (2019). A última indicação do Brasil à categoria de Melhor Filme Internacional foi em 1999, com “Central do Brasil” de Walter Salles, que perdeu naquela noite para o longa italiano “A Vida é Bela”.
Fora da categoria de Melhor Filme Internacional, as últimas indicações do Brasil se deram com o documentário “Democracia em Vertigem” (2019), que foi indicado na categoria Melhor Documentário, e “Menino e o Mundo” (2013), que foi indicado na categoria de Melhor Animação em 2016.
Além dos filmes com temáticas LGBT+ tratados neste texto, completam a lista de pré-selecionados “Ainda Estou Aqui” de Walter Salles, “Motel Destino” de Karim Aïnouz e “Saudade Fez Morada Aqui Dentro” de Haroldo Borges.
Os finalista oficiais que vão disputar a categoria estão previstos para ser revelados no dia 17 de janeiro de 2025. Já a premiação tem data marcada para o dia 2 de março.
* Sob supervisão de Danilo Duarte
