Nhain bonitas! Todo Carnaval tem seu fim… mas e a Maratona Cultural? Acaba assim? Produzido pelo Instituto Maratona Cultural, o evento — que tem nome de prática esportiva, mas corre na pista da arte — reuniu mais de 400 ações em três dias na cidade de Florianópolis.

Em meio ao caos da programação, é preciso parabenizar a produção por conseguir articular tantas linguagens artísticas em uma única agenda cultural.
Com boa parte da programação gratuita, filas quilométricas se formaram para retirada de ingressos. Teve até bate-boca e confusão entre o público na tentativa de garantir acesso.
Mas a logística de retirada de ingressos precisa ser repensada. Ficar horas na fila para, no fim, sair de mãos vazias é frustrante! A multidão ocupou o evento, e foi lindo ver o centro da cidade transbordando de público, da Escadaria do Rosário ao Largo da Alfândega.
No entanto, fica a saudade de uma programação LGBTQIAPN+ mais robusta. Um exemplo claro disso foi a Maratona Ball, que antes acontecia em praça pública e, desta vez, foi levada para dentro da Galeria Lama.
A justificativa pode até ser a busca por “melhor estrutura e qualidade”, mas a ocupação de espaços públicos com a cultura LGBTQIAPN+ é essencial para a formação de novas plateias.
A verdade é que gosto da Maratona Cultural, apesar dos desafios de produção e de alguns bastidores que nem sempre são os mais agradáveis. Mas e agora que passou? Como fica o cenário cultural de Florianópolis?
Com editais da Lei Aldir Blanc atrasados e uma gestão ineficiente da Fundação Franklin Cascaes, o horizonte não é dos mais animadores.
Se no verão a cidade brilha como destino turístico, o inverno se aproxima e o calor das ruas pode esfriar.
A proposta de unificação da agenda cultural promovida pela Maratona deveria servir de inspiração para o poder público. Afinal, a cultura existe todos os dias — não apenas no Carnaval ou em um festival.
O cenário cultural de Florianópolis precisa de atenção, respeito e valorização. Mesmo com eventos de impacto nacional, o reconhecimento profissional e a garantia de continuidade são urgentes.
Seja com ou sem Carnaval, com ou sem Maratona Cultural, o fato é que a cidade precisa olhar com mais carinho para quem trabalha com cultura no município. São essas pessoas que transformam Florianópolis numa cidade muito mais do que um cartão-postal de belas praias.
Xoxo,
Su.