vaticano permite que homens gays sejam padres desde que mantenham o celibato
Cidadania

Vaticano permite que homens gays se tornem padres desde que mantenham o celibato

Diretriz aprovada pelo Vaticano revoga restrições anteriores que barravam candidatos com “tendências homossexuais profundamente enraizadas”

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O Vaticano aprovou novas diretrizes que permitem a entrada de homens gays nos seminários, desde que mantenham o celibato – uma exigência já aplicada a todos os sacerdotes. Essa decisão, válida inicialmente apenas para a Itália, representa uma mudança significativa em relação às normas anteriores que restringiam a admissão de candidatos com “tendências homossexuais profundamente enraizadas”.

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Vaticano permite que homens gays sejam padres desde que mantenham o celibato – Imagem: Reprodução/Floripa.LGBT

Elaboradas pela Conferência Episcopal Italiana (CEI) e sancionadas pelo Vaticano, as novas diretrizes foram aprovadas no final de 2024 e passam a valer a partir desta semana, sob caráter experimental por um período de três anos, com reavaliação prevista para 2027.

O texto oficial enfatiza que a orientação sexual deve ser analisada como parte do conjunto da personalidade de cada candidato, evitando que se torne um critério exclusivo para exclusão.

O documento destaca:

“Ao referir-se a tendências homossexuais no processo de formação, também é apropriado não reduzir o discernimento a este aspecto sozinho, mas entender seu significado dentro do quadro geral da personalidade do jovem.”

Decisão marca um gesto do Papa Francisco à comunidade LGBTQIA+

Essa mudança pode ser interpretada como um passo do Papa Francisco a favor comunidade LGBTQIA+. Contudo, a Igreja Católica ainda mantém posições conservadoras em relação a outros direitos, como não reconhecer o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Desde o início de seu pontificado, o Papa Francisco tem alternado entre declarações progressistas e reafirmações das tradições da Igreja. Em 2013, ele protagonizou um momento histórico ao declarar: “Se uma pessoa é gay e procura a Deus com boa vontade, quem sou eu para julgá-la?”

Já em 2023, ele reforçou a necessidade de revogar leis que criminalizam a homossexualidade, afirmando que, embora “não seja um crime, é um pecado”. Ao mesmo tempo, ele apelou por mais compaixão e pediu que bispos apoiadores dessas legislações retrógradas reavaliassem suas posturas.

Entretanto, o Papa Francisco também já fez comentários que foram interpretados como excludentes para a comunidade. Em 2016 e 2018, ele reafirmou documentos que desaconselhavam a presença de seminaristas gays, alertando contra o que chamou de “lobbies gays” dentro da Igreja.

O impacto das novas diretrizes do Vaticano

Embora as novas regras representem um avanço em termos de aceitação, elas ainda se limitam ao contexto italiano e não tratam de outras demandas da comunidade LGBTQIA+, como o reconhecimento pleno de seus direitos civis dentro da Igreja.

Para alguns especialistas, essa decisão demonstra o esforço do Vaticano em se alinhar às demandas contemporâneas sem desestabilizar suas bases tradicionais.

* Sob supervisão de Danilo Duarte

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