Quem mora em São José e tem direito ao uso do cordão de girassol e da carteira de identificação de pessoas com deficiência não visível agora pode receber os itens gratuitamente. Os interessados devem ir até o Centro de Atendimento ao Cidadão (CAC), que fica no térreo da Prefeitura de São José, com documentos para o cadastro.
A documentação será entregue à Secretaria de Saúde para análise. Caso o pedido seja aprovado, a carteira e cordão serão entregues em até 30 dias. A carteira de identificação tem validade de cinco anos e deve ser revalidada com o mesmo número.
Os documentos necessários são: atestado médico atualizado emitido até seis meses antes da solicitação, certidão de nascimento ou documento de identidade com foto e CPF, comprovante de residência emitido há no máximo dois meses, fotografia recente 3×4 e informações de contato de emergência, como telefones e e-mail.
Conforme a diretora da Diretoria de Atenção Especializada, Scheila Monteiro, o fornecimento do cordão de girassol e da carteirinha para pessoas com doenças invisíveis representa um passo importante na construção de uma sociedade mais inclusiva.
“Os municípios não apenas promovem o acesso a direitos e benefícios, mas também contribuem para a criação de um ambiente mais acolhedor e solidário para todos”, declarou.
A posse do cartão garante os direitos das pessoas com deficiência e também, promove a compreensão da população neurotípica.
Edna Regina da Silva, de 66 anos, foi uma das primeiras moradoras de São José a receber o cordão girassol e a carteira de identificação de pessoas com deficiência não visível.
Ela conta que descobriu o diagnóstico do autismo em janeiro deste ano e ainda está processando a informação. Pois na década de 50, ano em que nasceu, não não era um tema discutido e agora que está conseguindo compreender o próprio diagnóstico.
“Essa carteirinha está mostrando pra mim que eu tenho uma deficiência e o mundo também vai saber, vendo o cordão no meu pescoço. Então, preciso trabalhar a minha mente, para não pensar no julgamento dos outros neurotípicos e buscar os meus direitos”, explica.
Cordão de girassol ajuda na compreensão da sociedade
Para Janaína Henrique, psicóloga do Centro de Estimulação e Reabilitação em Transtorno do Espectro Autista de São José (Certea), pessoas com TEA, dentro da particularidade de cada um, podem ser muito sensíveis a estímulos do ambiente, como barulhos. Nesse sentido, o cordão de girassol vem para facilitar a vida dos usuários.
“Tendo o uso do cordão, as pessoas podem perceber que ali tem uma alguém que tem as suas particularidades e, sabendo dessa informação podem sim acolher ao invés de ficar ou tomando atitudes ou fazendo comentários que sejam inadequados”, explica a especialista.
A especialista acredita também que o uso do cordão vai estimular as pessoas que não estão dentro do espectro a conhecer e pesquisar sobre o tema, colaborando para a compreensão e inserção na sociedade.
Quais são as doenças invisíveis?
De acordo com o decreto, são consideradas doenças não visíveis: Transtorno do Déficit de Atenção Hiperatividade (TDAH); Transtorno do Espectro Autista (TEA); doenças autoimunes; doenças neurológicas que comprometem o processo cognitivo; Esclerose Múltipla; doença de Crohn; esclerose Lateral Amiotrófica (ELA); Síndrome de Tourette; surdez; Esquizofrenia; Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS/HIV); Alzheimer, alergias graves; cegueira binocular ou monocular; Doença de Paget; Fibromialgia; Insuficiência renal e Hanseníase. A fibromialgia, doença autoimune, também é um exemplo de deficiência não visível que a iniciativa compreende.