Ato contra a venda do carnaval de rua de Florianópolis - Foto: Akin Cristino
Cidadania

Protesto contra privatização do Carnaval 2025 reúne centenas de pessoas

Blocos de rua e foliões criticam edital que propõe concessão de arenas de Carnaval para empresas privadas; leilão é adiado após pressão popular

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Na última terça-feira (21), mais de 300 foliões e representantes de blocos carnavalescos se reuniram no Centro de Florianópolis para protestar contra a privatização do Carnaval de rua. O ato foi motivado pelo edital publicado pela Prefeitura, que prevê o leilão para a concessão de 12 arenas carnavalescas pelos próximos três anos (2025-2027).

Ato contra a venda do carnaval de rua de Florianópolis - Foto: Akin Cristino
Ato contra a venda do carnaval de rua de Florianópolis – Foto: Akin Cristino/Floripa.LGBT

Entre os blocos que participaram do protesto estão o Berbigão do Boca, responsável por abrir o Carnaval de Florianópolis, e o tradicional Bloco dos Sujos, que atrai milhares de foliões no Centro. Outros blocos, como o Baiacu de Alguém, da região de Santo Antônio de Lisboa, e o Cores de Aidê, com forte presença na Lagoa da Conceição, também manifestaram preocupação com as mudanças propostas pelo edital.

Esses blocos destacam que o Carnaval de rua é uma manifestação cultural e popular que deve ser gratuita e acessível a todos, sem interferências que priorizem o lucro de empresas privadas em detrimento da cultura local.

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O protesto, que teve como principal lema “Nosso carnaval não está à venda”, questiona que a festa tradicionalmente gratuita e popular, seja transformada em um negócio privado.

Após as críticas, a Prefeitura anunciou o adiamento do leilão, que estava marcado para quarta-feira (22). A nova data foi definida para o dia 11 de fevereiro.

O que diz o edital e quais os problemas apontados

O edital prevê que a empresa vencedora do leilão tenha o direito de explorar comercialmente 12 arenas espalhadas por diferentes bairros da cidade, incluindo o Largo da Alfândega (Centro), Santo Antônio de Lisboa, Lagoa da Conceição e Campeche.

Confira os endereços:

  1. Arena Central: Largo da Alfândega, no Centro.
  2. Arena Beira Mar Continental: Beira-Mar do Continente.
  3. Arena Campeche: Rua da Capela, no Campeche.
  4. Arena Tapera: Praça lateral à Escola do Futuro, na Tapera.
  5. Arena Pântano do Sul: Praia do Pântano do Sul.
  6. Arena Lagoa da Conceição: Praça Bento Silvério, no Centrinho da Lagoa.
  7. Arena Barra da Lagoa: Praia da Barra da Lagoa.
  8. Arena Ingleses: Centrinho dos Ingleses, Rua Dom João Becker, 285.
  9. Arena Sambaqui: Praça Macário da Rocha, em Sambaqui.
  10. Arena Ponta das Canas: Deck da Praia Ponta das Canas, Rua Deputado Antônio Viegas, 146.
  11. Arena Canasvieiras: Rua Antenor Borges, esquina com Rua Vasco de Oliveira Gondi e Dr. Hélio Anjos Ortiz.
  12. Arena Santo Antônio de Lisboa: Centrinho de Santo Antônio de Lisboa, Rua Cônego Serpa.

A permissionária seria responsável por fornecer infraestrutura, como palcos, trios elétricos, banheiros e segurança, além de contratar atrações culturais. Entretanto, diversos problemas foram apontados por parlamentares, blocos de rua e foliões, como:

  • Restrição à livre concorrência – o edital impede a realização de eventos ou ações promocionais de marcas concorrentes das patrocinadoras do carnaval no raio de 1 km das arenas-;
  • Privatização de espaços públicos – o documento prevê a instalação de áreas VIPs e camarotes, mas não define critérios claros sobre o acesso gratuito e o controle de preços- ;
  • Falta de diálogo com a comunidade.

Pedidos formais de impugnação foram feitos pelos mandatos de Carla Ayres (PT), Ingrid Sateré Mawé (PSOL) e Leonel Camasão (PSOL).

Ato contra a venda do carnaval de rua de Florianópolis - Foto: Akin Cristino
Ato contra a venda do Carnaval de rua de Florianópolis tomou as ruas do Centro – Foto: Akin Cristino/Floripa.LGBT

Por que a Prefeitura quer privatizar o Carnaval de rua?

A Prefeitura argumenta que a concessão das arenas permitirá maior organização e segurança para os eventos. A proposta inclui investimentos mínimos que aumentariam gradualmente, passando de R$ 1,2 milhão em 2025 para R$ 3 milhões em 2027.

A gestão também afirma que a iniciativa busca atrair patrocinadores e aliviar os custos públicos do Carnaval. Com o adiamento do leilão para 11 de fevereiro, a Prefeitura terá que responder aos pedidos de impugnação e aos questionamentos levantados pelos blocos e parlamentares.

* Sob supervisão de Danilo Duarte

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