Ter a própria sexualidade ou a identidade de gênero confundidas é a realidade para uma boa parte das pessoas de Florianópolis. Esses e outros dados fazem parte da pesquisa realizada por duas ONGs durante a 16ª Parada do Orgulho LGBTI+ de Floripa, realizada no dia 10 de setembro e que reuniu cerca de 100 mil pessoas na Avenida Beira-Mar Continental.
De acordo com a pesquisa, realizada pelo VOTELGBT e a Acontece Arte e Política LGBTI+, 3 em cada 10 LGBT+ disseram que já tiveram a identidade de gênero confundida. Além disso, metade das pessoas LGBT+ disseram que já tiveram a orientação sexual confundida com alguma frequência.
A pesquisa contou com 381 respostas, das quais 309 foram utilizadas (as respostas eliminadas foram preenchidas por pessoas com menos de 16 anos ou por pessoas cisgênero héteras), conforme a organização. A margem de erro das respostas é de 3,3 pontos percentuais.
Esta é a segunda amostragem realizada na Parada do Orgulho LGBTI+ de Florianópolis, que busca fortalecer a produção de dados e análises sobre a nossa comunidade. No ano anterior, a pesquisa abordou a segurança alimentar da comunidade LGBT.
Entre os destaques realizadas pelas duas organizações na pesquisa atual, o que merece atenção é que as pessoas bissexuais/pansexuais foram a maior proporção com aproximadamente 40% dos presentes.
Já as pessoas que se identificam como trans/não bináries chegou a 20% dos entrevistados pela pesquisa.
Estas duas informações mostram como a Parada do Orgulho LGBTI+ de Florianópolis tem se tornado cada vez mais diversa, reunindo as mais variadas expressões de identidade e gênero da comunidade LGBTQIAPN+.
Como é a renda das pessoas LGBTI+ de Florianópolis
Dados sobre a forma de viver e a conhecer a geração de renda da comunidade LGBT é relevante para compreender a forma que vivem as pessoas LGBTI+ de Florianópolis.
Os dados levantados pela pesquisa mostram que:
* 62% das pessoas empregadas se declaram assalariadas registradas
* A maior parte das respondentes (32%) declarou receber entre 1 e 2 salários mínimos
* 70% das pessoas entrevistadas conseguiriam sobreviver 3 meses ou menos se perdessem a renda naquele dia
* 56% declarou ajudar nos gastos da família enquanto 52% declarou ser ajudado pela família com os seus gastos.
Quem esteve na Parada do Orgulho LGBTI+ de Floripa
Os dados sobre a participação da Parada do Orgulho LGBTI+ de Florianópolis destacados pela organização da pesquisa são os seguintes:
* A Parada é composta em grande parte de jovens adultos, ou seja, 4 em cada 10 pessoas têm entre 20 e 29 anos
* 55% das pessoas entrevistadas se declararam brancas e 39% se declararam negras (23% pardas e 16% pretas)
* 6 em cada 10 participantes se declararam solteiras
* 84% das pessoas possuem ensino médio completo ou mais. Sendo que 1 em cada 2 destas ingressaram no ensino superior
Como é feita a pesquisa sobre a Parada do Orgulho LGBTI+ de Florianópolis
A pesquisa contou com 381 respostas, das quais 309 foram utilizadas. Para as análises sobre a composição da população e dos indicadores avaliados, foram levados em consideração apenas as pessoas LGBT+.
Por isso, foram desconsideradas 65 respostas de pessoas cis héteras. Além dessas, foram retirados da análise os dados de 7 pesquisas, respondidas por menores de 16 anos.
O questionário aplicado foi composto por 4 blocos. O primeiro se destinava a conhecer as características sociodemográficas, como idade, local de moradia, estado civil, identidades de gênero e sexuais, escolaridade e renda.
Em seguida, havia perguntas para entender o potencial econômico da Parada em relação ao consumo e hospedagem, seguido por perguntas sobre os tipos de violência sofridas durante a vida.
Por fim, foram apresentadas as perguntas sobre o perfil de engajamento político e preferências eleitorais.
A metodologia da coleta dos dados contou com uma amostragem sistemática em pontos de fluxo, sem ponderação.
Dessa forma, a primeira pessoa é escolhida num sorteio aleatório de 1 a 5; depois, para as demais entrevistas, são escolhidas sempre a 5ª pessoa, de forma sistemática no ponto de fluxo.
Todas as entrevistadoras contratadas para a aplicação dos questionários foram treinadas tanto em relação à metodologia quanto em relação aos objetivos da pesquisa.
Clique aqui para baixar a pesquisa sobre a comunidade LGBT+ de Florianópolis