Neste Dia dos Pais, o Floripa.LGBT compartilha a história de Antonella, filha de um casal homoafetivo uma das primeiras bebês brasileiras geradas com o DNA de dois pais. Concebida através da doação do óvulo da irmã de Mikael e do sêmen de Jarbas, Antonella carrega em si a essência de ambos os pais, ela tem traços físicos de ambos.
Jarbas Mielke de Bitencourt, gerente de vendas, 48 anos, e Mikael Mielke de Bitencourt, fotógrafo, 35, são casados há mais de 15 anos e agora são também os pais de Antonella. A família é natural de Imbé, no interior do Rio Grande do Sul. Eles são um dos primeiros casais homoafetivos a utilizarem a barriga solidária (ou útero de substituição, que é o termo técnico) para a gestação.
Antonella vai além das semelhanças físicas, como as bochechas e nariz de Jarbas e o sorriso de Mikael. Ela herdou de Jarbas a dermatite seborreica, uma condição que afeta seu couro cabeludo desde cedo. “E ela tem a fome do Jarbas também”, brincam os pais, demonstrando o afeto e a leveza com que encaram a paternidade.
Para proporcionar o melhor cuidado à filha, que tem apenas dois meses, Mikael decidiu se afastar do trabalho por até dois anos, dedicando-se exclusivamente a Antonella, enquanto Jarbas assume o papel de provedor da família.
“O Mika tem uma experiência incrível por ter criado suas duas irmãs. Ele cuidou delas com muito amor e responsabilidade”, explica Jarbas, ressaltando a harmonia e o trabalho em equipe que sustentam a nova dinâmica familiar.
Antonella é uma bebê calma, com uma rotina já estabelecida que facilita a vida da família. “Já conseguimos identificar o choro de fome, de cólica, de sono… Ela nos ensina algo novo a cada dia”, compartilham os pais, que, unidos, enfrentam os desafios e as alegrias da paternidade.
Nas redes sociais, Mikael e Jarbas dividem os altos e baixos dessa jornada, recebendo tanto apoio quanto críticas. “A gente combinou que, quando ela tiver três meses, eu começo a dar banho, para que ela esteja mais firme”, comenta Jarbas, mostrando o cuidado em cada detalhe do dia a dia com Antonella.
Mikael e Jarbas comemoram o Dia dos Pais nas redes sociais
Mikael e Jarbas são um casal que, por meio da barriga solidária, trouxeram Antonella ao mundo. Eles compartilham sua jornada nas redes sociais, oferecendo um exemplo de amor, união e resistência em uma família homoafetiva.
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A “barriga solidária” ou “útero de substituição”, como é o nome técnico da reprodução assistida, ocorre quando uma mulher recebe de forma voluntária o embrião gerado em laboratório por uma pessoa solteira ou um casal hétero ou homoafetivo.
Esse método é diferente da “barriga de aluguel”, quando uma pessoa paga para outra gerar seu filho/a – o que no Brasil é proibido por lei.
Geralmente, o Conselho Federal de Medicina (CFM), permite apenas que parentes de até quarto grau possam receber o embrião dos pais; no entanto, após o pedido junto ao Conselho Regional de Medicina (Cremers), o casal conseguiu a liberação para realizar o procedimento.
O primeiro caso de barriga solidária envolvendo um casal LGBTQIAPN+ no Brasil foi em 2021, quando dois engenheiros de Minas Gerais foram pais de gêmeos, em um processo realizado em Brasília.
Três anos depois, a alternativa é ainda pouco conhecida, por isso, o casal gaúcho busca compartilhar sua história e sonha em inspirar outras pessoas, sejam hétero ou homoafetivas.
Além das preocupações normais com a segurança e bem-estar de Antonella, o casal também lida com questionamentos sobre o uso da barriga solidária, um processo que, no Brasil, pode ser mais rápido que a adoção convencional.
“Jamais imaginamos viver algo tão extraordinário. Desde o momento do parto, tudo é emoção pura. Cada sorriso, cada novo gesto de Antonella nos faz chorar de alegria. Parece que foi ela quem nos escolheu”, contam, emocionados.
Para Mikael e Jarbas, o maior presente que podem dar à filha é o exemplo de vida que oferecem. “Queremos que Antonella cresça sabendo que tem dois pais que a amam incondicionalmente, que são íntegros, bondosos e humildes. Se ela seguir o nosso exemplo, sabemos que será muito feliz”, afirmam.
Antonella não é apenas uma bebê especial para sua família, mas também um símbolo de uma nova era, onde o amor, a aceitação e o respeito são os fundamentos de uma sociedade mais justa e inclusiva.
“Na construção de uma família homoafetiva, o amor sempre vence”, concluem, em uma celebração que transcende o Dia dos Pais e ecoa no coração de todos que acreditam no poder do amor.
