O ARVO Festival iniciou seu primeiro dia após 95% dos ingressos vendidos - Foto: Pedro Guerrazzi/Divulgação/Floripa.LGBT
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ARVO Festival traz diversidade nos shows do 1º dia e desafios para fechar a edição 2025

Com mais de 50% de mulheres na line-up oficial e política de ingressos inclusivos, primeiro dia de ARVO Festival deixa pendências fora dos palcos

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O ARVO Festival teve nesta quinta-feira (1º) o primeiro dia de shows em Florianópolis, com quatro palcos. Com muita música, a presença de artistas como Liniker, Alcione e Fat Family trouxeram para o show pessoas de vários lugares.

O ARVO Festival iniciou seu primeiro dia após 95% dos ingressos vendidos - Foto: Pedro Guerrazzi/Divulgação/Floripa.LGBT
O ARVO Festival iniciou seu primeiro dia após 95% dos ingressos vendidos - Foto: Pedro Guerrazzi/Divulgação/Floripa.LGBT

Cerca de 95% dos ingressos foram vendidos, e a expectativa agora é pelas apresentações de Marina Sena, Zeca Pagodinho e Mano Brown no segundo dia de show, nomes como prometem movimentar os palcos até a madrugada.

A edição deste ano conta com 53% de mulheres na line up oficial durante os dois dias de evento. Pablo Eduardo Coelho veio de Blumenau especialmente para assistir Liniker. Ele estava na plateia no primeiro dia e avaliou positivamente o número de atrações femininas, mas aponta que esse percentual deveria ser o padrão.

“Eu acho que é muito importante ter o espaço para dar voz para essas mulheres, mas já deveria ser assim há mais tempo. As mulheres são importantes, LGBTs, as minorias são muito importantes e ter essas presenças mostram que nós temos voz”, disse.

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Assim como Pablo, a presença da Liniker como headliner foi um dos maiores atrativos no primeiro dia de festival. Vencedora de prêmios com seu último álbum Caju e primeira mulher trans a ganhar um Grammy latino, a presença da artista inspirou muitas pessoas no ARVO Festival.

Com mais de 40 atrações, Liniker foi uma das mais esperadas durante o primeiro dia de festival – Foto: Pedro Guerrazzi/Divulgação/Floripa.LGBT
Com mais de 40 atrações, Liniker foi uma das mais esperadas durante o primeiro dia de festival – Foto: Pedro Guerrazzi / Floripa.LGBT

Amabel, manezinho da ilha e professor auxiliar na UFSC, conta que as músicas da Liniker têm inspirado sua vida desde 2018.

“Eu cresci com ela e foi uma das pessoas que mais me inspiraram, porque foi bem na época que eu tava me descobrindo como uma pessoa trans. É muito importante que tenha essa representatividade para também entender que pessoas trans ocupam lugares”, comenta.

Os impactos das músicas chegaram através de seu pai, professor que ouvia bastante a artista. “Enquanto eu escutava ficava pensando: ‘Meu Deus, gostei muito, mas ela é meio diferente né’ e aos poucos me abriu os olhos para entender outras relações que eu tinha com o mundo”, comenta Amabel.

Para ele, o festival foi a primeira oportunidade de ouvir Liniker ao vivo. Seu acompanhante, Idris, comenta que foi a sua segunda vez em um festival do ARVO, e que em 2023, também pôde escutar a artista.

Este ano o ARVO Festival disponibilizou 15% dos ingressos a grupos historicamente excluídos, buscando democratizar o acesso à cultura, a partir do Núcleo de Inclusão Social (NIS).

A edição deste ano disponibilizou mais de 500 ingressos gratuitos. Foram cerca de 52% de ingressos “trans free” e 47% para pessoas em vulnerabilidade social.

Foram distribuídos mais de 500 ingressos para pessoas em situação de vulnerabilidade social para o ARVO Festival deste ano – Foto: Pedro Guerrazzi/Divulgação/Floripa.LGBT
Foram distribuídos mais de 500 ingressos para pessoas em situação de vulnerabilidade social para o ARVO Festival deste ano – Foto: Pedro Guerrazzi / Floripa.LGBT

Para Idris, a existência de uma política como essa mostra uma maior recepção e um sentimento de “bem-vindo”. “Eu, por exemplo, tenho o privilégio de poder pagar e poder ver os artistas, mas tem muita gente que não. Vejo que é muito importante que haja essa política até porque faz parte da vida. As pessoas precisam de lazer, precisam de cultura”, cita.

Deslocamento e infraestrutura foram desafiadores

O primeiro dia do ARVO Festival – que acontece no Kartódromo Sapiens Park – teve início por volta de 13h30, finalizando a programação quando já passava das 4h da madrugada. Com estrutura posicionada como inclusiva e sustentável, a ideia é tornar o show um local acessível para todos.

Aline Pardo mora em Florianópolis há 20 anos e se programou para frequentar os dois dias de evento. Esta é a primeira vez dela no ARVO Festival. Dois dias antes da abertura, sofreu um acidente doméstico e precisou ir para o festival em cadeira de rodas.

Apesar de concordar com a diversidade nos palcos, discorda com a promessa de inclusão e acessibilidade no chão.

Além de buracos, algumas áreas eram pouco iluminadas – Foto: Pedro Guerrazzi/Divulgação/Floripa.LGBT
Além de buracos, algumas áreas eram pouco iluminadas – Foto: Pedro Guerrazzi/Divulgação/Floripa.LGBT

“Eu não sou uma pessoa com deficiência, mas eu estou momentaneamente dependente de uma cadeira de rodas por conta de um acidente que eu sofri. E do estacionamento até a entrada foi mais ou menos um quilômetro, com chão de brita e em uma cadeira de rodas é quase impossível de você chegar”, afirma.

Samantha Barbosa é paulistana da Zona Sul de São Paulo, mas está em Florianópolis há pelo menos 15 anos. Ela e sua tia Rosane Dias compraram ingressos para os dois dias de festival, mas também passaram por dificuldades em relação à estrutura.

Foram 3 bares e praças de alimentação espalhadas por toda a área do festival –Foto: Pedro Guerrazzi/Divulgação/Floripa.LGBT
Foram 3 bares e praças de alimentação espalhadas por toda a área do festival –Foto: Pedro Guerrazzi/Divulgação/Floripa.LGBT

O espaço do ARVO Festival conta com três bares espalhados ao longo do Kartódromo, e para Samantha, eles não deram conta do recado. “A estrutura tinha que ter no mínimo um triplo para poder suprir. Eu fiquei 52 minutos em uma fila, basicamente o tempo de um show.”

Apesar dos problemas no bar, Rosane, de 58 anos, comenta que o evento traz um espaço de liberdade. “Eu fico deslumbrada, de conseguir ver as pessoas se libertarem, terem um canal aberto para tudo isso”.

O que esperar para o 2º dia de ARVO Festival

A página oficial do ARVO Festival liberou após o primeiro dia de shows uma página para feedbacks em relação ao primeiro dia de evento. Além disso, comentários na página do Instagram discutiram sobre a organização do ARVO Festival.

Em post oficial, a organização do evento assume os erros, mas para o segundo dia de shows, promete melhoras. “A gente sabe que o primeiro dia de festival teve falhas. E sabe também que muita gente se sentiu frustrada”, afirma a página.

“Já estamos trabalhando para corrigir os pontos críticos que vocês trouxeram. E cada feedback que chegou até aqui está sendo lido com atenção e respeito. Porque o ARVO é feito de gente. E a festa é pra vocês”.

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