A valorização da arte produzida pela comunidade LGBTI+ de Santa Catarina foi o grande resultado da 17ª Parada do Orgulho LGBTI+ de Florianópolis, que aconteceu neste domingo (17), reuniu 80 mil pessoas na Avenida Beira-Mar Continental. Foram cerca de 10 horas de shows e apresentações artísticas, somando mais de 30 artistas, em meio a manifestações pela garantia dos direitos da comunidade LGBTI+.
A 17ª Parada LGBTI+ de Florianópolis contou com o patrocínio da Amstel, a realização da Comissão Organizadora do Mês e da Parada do Orgulho LGBTI+ e do Instituto Desterro, a produção da Tempestá Cultural e Gandaia, e o apoio da Prefeitura de Florianópolis, Na Tela e portal Floripa.LGBT.
A organização do evento, que começou a tomar forma fisicamente uma semana antes, inovou com mais estruturas de ambulatórios e segurança, além de ampliação nos banheiros móveis e melhoria na identificação de ambulantes e reorganização da praça de alimentação.
Uma estrutura inclusiva para pessoas com deficiência em frente ao palco principal e intérpretes de Libras tanto no trio quanto no palco estiveram presentes em todo o evento. A campanha vidro zero, para manter o espaço seguro – também foi elogiada e ganhou a adesão do público.
Desde as primeiras horas de domingo, centenas de pessoas chegavam ao palco da maior parada LGBTI+ do Sul do Brasil. Na concentração, expositores, empreendedores e artistas LGBT+ puderam apresentar seus trabalhos e tiveram espaço para comercialização dos seus itens.
Os dois trios que animaram a festa também transportaram os 15 DJs convidados pelas casas noturnas e núcleo de festas de Santa Catarina, tornando essa a maior participação da história de empreendimentos LGBTI+ na história da Parada de Floripa.
No trio principal, lideranças da comunidade LGBTI+ e entidades da sociedade civil se altenaram nos discursos, enfatizando o tema da Parada deste ano, “Basta de negligência, nossos direitos já!”, e agradecendo a presença do público, que contou com excursões vindas inclusive do Paraná.
Miguel Gregório, coordenador geral da 17ª Parada do Orgulho LGBTI+ de Florianópolis, agradeceu a presença do público, que esteve presenta não apenas para curtir um dia de festa, mas para reivindicar seus direitos.
Em seu discurso na abertura, Selma Light, assessora de políticas públicas LGBTI+ da Prefeitura de Florianópolis e uma das organizadoras do evento, reforçou que a Parada de Floripa é um evento político e cultural, e que a luta da comunidade LGBTI+ é por respeito e garantia de direitos.
Outra representação de destaque foi do representante da organização da Parada de São Paulo, Matheus Silva. O relacionamento entre os eventos é antigo e é um dos pilares para o crescimento de estrutura e qualidade artística e de organização da Parada de Floripa.
Logo após os discursos de lideranças e ativistas LGBTI+, a marcha começou, percorrendo aproximadamente dois quilômetros, até chegar ao palco principal cerca de duas horas depois. Simultaneamente, as atrações do palco principal já iniciavam as apresentações para quem estava aguardando as apresentações de quase 20 drag queens.
O ponto alto das atrações artísticas foi o show do grupo de pagode Entre Elas. Criado em Florianópolis em 2006 e formado exclusivamente por mulheres, levou a multidão à comemoração do sucesso do evento.
Ao final do evento, Selma enfatizou a profissionalização do evento, que se consolidou como o terceiro maior evento da cidade, apesar do orçamento reduzido. Ela também falou sobre a necessidade de mais patrocinadores para tornar a Parada de Floripa ainda maior e novas atrações.
Gregório ainda ponderou sobre as dificuldades para a realização da Parada de Floripa, que precisou alterar a data em função da legislação eleitoral, mas que a Parada de Floripa aconteceu de forma bem-sucedida e que a edição 2025 já começa a ser projetada. “Estaremos juntos para fazer um evento ainda maior e melhor, mesmo com todas as resistências e na busca por mais valorização política e empresarial”, antecipou.
Cobertura oficial da Parada de Floripa
Pelo segundo ano consecutivo, o Floripa.LGBT promoveu a maior cobertura jornalística do principal evento da comunidade LGBT+ de Santa Catarina. om uma equipe de profissionais e estudantes de jornalismo, foram cerca de 10 horas de cobertura por meio das redes sociais e do site www.floripa.lgbt.
Para o editor do site, Danilo Duarte, a grande novidade foi a união entre a Parada de Floripa e o site Floripa.LGBT, que passou a ser o parceiro de mídia oficial.
“A aliança entre nós e a organização da Parada tem um só objetivo, que é o mesmo que o Floripa.LGBT tem desde que nasceu: dar a maior visibilidade possível para a comunidade LGBTQIA+ e as suas necessidades”, afirma.
Durante todo o dia, um time de profissionais e estudantes de jornalismo – todos autodeclarados LGBT+ – fizeram a produção de conteúdo em texto, fotos e vídeos, que serão publicados em todos os canais do Floripa.LGBT, com foco na cobertura em tempo real por meio do Instagram.
“Serão lives e conteúdos publicados em tempo real para tentarmos transmitir toda a energia que só a Parada de Floripa oferece. Temos um alcance com crescimento incrível e hoje alcançamos mais de 130 mil pessoas com os nossos materiais. Ou seja, o Floripa.LGBT alcança a mesma quantidade de pessoas que a Parada de Floripa leva às ruas”, comemora João Pereira, gestor de relacionamento e responsável pelas redes sociais do Floripa.LGBT.
Quem aproveitou a Parada de Floripa para curtir ou faturar
Entre estas histórias está a de Morgana e Jessica, que são de Mosqueiro, no Pará, mas moram em Florianópolis desde 2017. Elas levaram o pequeno Ailon, de 9 anos, para curtir a Parada.
“Meu filho sempre teve a mente muito aberta e ele nunca teve preconceito com nada. Tem duas mães e nenhum preconceito, pra ele é super normal isso.”
Também houve quem aproveitou o evento para garantir renda extra. Há quatro anos trabalhando como ambulante na Parada LGBTI+ de Florianópolis, Nilza Camargo afirma que o evento da capital catarinense é muito mais receptivo com ambulantes do que a Parada de São Paulo, considerada a maior do Brasil.
“Trabalhar na parada LGBT de Floripa é sem comentários, né? É um trabalho maravilhoso que eu também incentivo. Aqui [na parada] tu chega, o pessoal já anota teu nome, que tu é ambulante, tu vai vender tal coisa, então é tudo anotadinho. Já em São Paulo não tem essa liberdade que nós temos aqui.”
Alguns ambulantes também vêm de longe para trabalhar na Parada LGBTI+ de Floripa. O casal Daniela e Gabriel saíram de Porto Alegre e enfrentaram uma viagem de ônibus até Santa Catarina. Eles elogiam a segurança e a facilidade de trabalhar na Parada.
“É a nossa segunda vez na parada. A parada de Floripa é muito diferente das outras, aqui temos segurança, e os preços dos ambulantes não são abusivos. A questão do credenciamento foi super rápida e fácil.”